Navios de guerra iranianos: Celso Amorim reage a pressões e diz que decisão do Brasil ‘é soberana’

Ex-chanceler afirma que governo brasileiro aceitou receber as embarcações mesmo contrariando os EUA porque atitude é ‘consistente com o direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática’

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Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

BRASÍLIA - Chefe da Assessoria Especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-chanceler Celso Amorim, reagiu “com tranquilidade” às pressões tanto dos Estados Unidos quanto de Israel contra os dois navios de guerra iranianos atracados na costa brasileira. Segundo ele, a presença dos navios, autorizada pela Marinha do Brasil de 26 de fevereiro a 4 de março, “é uma decisão soberana nossa, do Brasil”.

Ao Estadão, Amorim disse ainda que essa decisão “é consistente com o direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática”. Nos primeiros governos de Lula, quando era chanceler, o embaixador articulou com a Turquia uma proposta de acordo para o programa nuclear do Irã, que naufragou na ONU com o voto decisivo dos Estados Unidos e da França. Apesar disso, o Brasil mantém até hoje boas relações diplomáticas e comerciais com o Irã.

Hoje assessor da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim saiu em defesa da decisão do governo brasileiro de aceitar a presença de navios de guerra iranianos: "É consistente com o direito marítimo internacional e com a boa prática diplomática”.  Foto: Adriano Machado/Reuters 05/12/2022

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A reação contra a presença dos navios iranianos, atracados na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, partiu tanto de um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA quanto do próprio governo de Israel. Para os EUA, em resposta a um questionamento do Estadão, a decisão brasileira foi “errada”: “Deixamos claro para países relevantes que esses navios não devem atracar em nenhum lugar e, até o momento, o Brasil é o único país do nosso hemisfério que aceitou o pedido de atracação”.

Já a reação de Israel, que é inimigo frontal do Irã e classifica seu regime como “maligno”, foi ainda mais dura na condenação à decisão brasileira. Em nota oficial, classificou a presença do navio de guerra iraniano como “perigosa” e “lamentável” e conclamou: “Nunca é tarde demais para ordenar que os navios deixem o porto”.

Para os EUA, segundo seus porta-vozes, o Irã “reprime brutalmente seu próprio povo no país, fornece armas para a Rússia usar em sua guerra de agressão contra a Ucrânia e está engajado em terrorismo”.

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