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No QG do Exército, apoiadores de Bolsonaro pedem presença de ‘general’ e ‘intervenção federal’

Simpatizantes do presidente se reuniram na Praça dos Cristais, em frente ao Quartel General, contra a escolha da maioria dos eleitores, que deram a vitória ao ex-presidente Lula

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Foto do author Julia Affonso
Atualização:

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitam a escolha da maioria dos eleitores reuniram-se nesta quarta-feira, 2, na Praça dos Cristais, em Brasília, na frente do Quartel General do Exército. Vestidos de verde e amarelo e enrolados em bandeiras do Brasil, eles fizeram um ato antidemocrático, pedindo a presença de “um general” para uma “intervenção federal”.

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Militantes de Bolsonaro também participaram de atos antidemocráticos diante de sedes militares em São Paulo e no Rio de Janeiro. Há registro de manifestações também em outros Estados, como Santa Catarina, Distrito Federal e Minas Gerais.

Em Brasília, por volta de 12h30, o candidato derrotado a deputado distrital João Salas (PTB), inflamou os apoiadores, do alto de um carro de som, a fazerem “barulho” pela suposta intervenção. Ele não explicou como seria o movimento.

Manifestantes pedem intervenção em QG do Exército em Brasília Foto: Julia Affonso/Estadão

“Quando eu estava chegando, eu perguntei para os meninos ali: ‘tem algum general aqui?’. O rapaz falou: ‘tem’. Eu acho que nós temos que fazer o general ouvir que nós queremos intervenção federal”, disse Salas. “Se a gente permanecer aqui, o general que está lá dentro vai ter que sair e dar uma resposta para a gente do que eles vão fazer.”

Salas é apoiador de Bolsonaro e publica fotos com o presidente em sua rede social. O candidato recebeu 242 votos no 1º turno.

O advogado Ricardo Horta de Alvarenga estava com a mãe e um cachorro no ato. Ao Estadão, Alvarenga falou sobre dois tipos de intervenção. Segundo ele, na intervenção federal, afasta-se o presidente da República e “assume o chefe do Estado Maior até novas eleições”.

“Esse é o pedido leve. O pedido mais extenso, que é o artigo 142, fecha-se o Congresso e a Câmara dos Deputados. O pedido de intervenção federal, não, vão se pedir novas eleições e talvez o chefe do Estado Maior, que seja Braga Netto ou o chefe do Estado Maior, que esteja nomeado no Brasil, assume e chama novas eleições”, afirmou.

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O general da reserva Walter Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, derrotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo, 30. O chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro é o general Valério Stumpf Trindade.

O artigo 142 da Constituição tem sido citado por apoiadores de Bolsonaro para embasar ações antidemocráticas e contestar resultado das urnas. Juristas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

Apoiadores de Bolsonaro protestam contra o resultado das eleições presidenciais em frente ao Quartel General do Exército em Brasília Foto: Wilton Junior/Estadão

O general da reserva Walter Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, derrotada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no domingo, 30. O chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro é o general Valério Stumpf Trindade.

O artigo 142 da Constituição tem sido citado por apoiadores de Bolsonaro para embasar ações antidemocráticas e contestar resultado das urnas. Juristas afirmam que não há respaldo legal para tal interpretação. O trecho da Carta apenas versa sobre a função das Forças Armadas no País.

Manifestante lê a Constituição em ato golpista em frente ao QG do Exército em Brasília Foto: Renan Barbosa

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No ato, duas mulheres que se identificaram como Maria Francisca Simões, advogada, e Mariângela Cavalcante, médica, queriam a permanência de Bolsonaro na presidência. À reportagem, Mariângela adotou a mesma palavra usada por Bolsonaro em seu pronunciamento na tarde de terça-feira, 1.

“Estamos aqui hoje, porque sentimos que foi injusta a eleição e nós queremos realmente eleições limpas e democráticas”, disse a médica.

Dentro do Palácio da Alvorada, ontem, Bolsonaro falou por 2 minutos e 21 segundos e afirmou que as ruas expõem o “sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”. A expressão “eleições limpas e democráticas” é usada com frequência pelo presidente.

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Em agosto do ano passado, durante um ato em defesa do voto impresso, Bolsonaro falou com apoiadores por telefone, em mensagens transmitidas pelo sistema de som. O presidente ameaçou que sem eleições “limpas e democráticas” não haveria eleição.

A Polícia Militar do Distrito Federal informou que não faz estimativa de público. O Estadão esteve no protesto durante 2 horas e presenciou duas discussões entre os apoiadores. Em um primeiro momento, simpatizantes de Bolsonaro que estavam no alto de um trio elétrico se recusavam a pedir “intervenção federal”. Apoiadores, no chão, reclamaram.

Em outro momento, dois homens discutiram se o nome de Bolsonaro deveria ser ou não pronunciado ali. Um deles foi acusado de estar infiltrado. “Você vai estragar o processo”, disse o apoiador que não queria citar o presidente. “É povo, é bandeira.”

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