No Rio, Ramagem aposta em Bolsonaro para manter disputa contra Paes no segundo turno

Prefeito Eduardo Paes chega às vésperas da eleição com índices acima de 50% nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Ramagem cola no ex-presidente para consolidar crescimento

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Foto do author Rayanderson Guerra

RIO – Em uma campanha marcada pelo amplo favoritismo do prefeito Eduardo Paes (PSD) nas pesquisas de intenção de voto à prefeitura do Rio de Janeiro, o principal opositor do atual mandatário, o deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL), cultiva, nesta reta final da disputa, a esperança de chegar ao segundo turno das eleições municipais com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) iniciou a campanha pelo Palácio da Cidade com números tímidos — menos de 10% das intenções da voto. Nas duas últimas semanas, Ramagem reagiu. Chegou a 22%, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 3, e acendeu um alerta na equipe de Paes.

Eduardo Paes (PSD) e Alexandre Ramagem (PL). Foto: Pedro Kirilos

Enquanto Paes busca manter os índices acima dos 50% das intenções de voto e estancar uma trajetória descendente nas pesquisas, Ramagem dobra a aposta na estratégia de se associar ao ex-presidente para ganhar fôlego na cidade berço do clã Bolsonaro. O capitão reformado do Exército desembarcou na capital fluminense a três dias das eleições e promete “colar” no apadrinhado para garantir o reduto eleitoral do bolsonarismo.

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Para Bolsonaro, a eleição de Ramagem “é uma luta difícil”, como afirmou em uma agenda de campanha em Angra dos Reis, no litoral fluminense, nesta quarta-feira, 2. O ex-presidente, no entanto, mantém a confiança: “Vamos tentar fazer com que haja segundo turno. Eu acredito que é possível”.

Já Paes aposta na continuidade da atual gestão e no recall político de três mandatos à frente da segunda maior cidade do País. Ele concorrerá ao quarto mandato para comandar a capital fluminense. Durante a campanha, o prefeito se contrapôs ao governador Cláudio Castro (PL) em uma estratégia para desconstruir a principal narrativa dos adversários bolsonaristas na disputa: o apelo pela segurança pública.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o presidente da República, Lula da Silva, e o ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado de Alexandre Ramagem.  Foto: Pedro Kirilos/Estadão e Marcos Correa/PR

Ao associar Ramagem à política de segurança pública tocada por Castro no governo do Estado, Paes minou a principal arma do deputado, que é a exploração da ligação com Bolsonaro. O foco do candidato do PSD foi desnacionalizar a campanha e evitar uma disputa “Lula x Bolsonaro” em âmbito municipal no berço do bolsonarismo no País.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou apoio à reeleição de Paes, mesmo após uma tentativa fracassada de emplacar o candidato a vice do prefeito. Durante inauguração do Terminal Gentileza, que recebeu aporte e financiamento do governo federal, em fevereiro deste ano, Lula afirmou que espera que as pessoas saibam diferenciar a gestão de Paes de quem “fala bobeira e asneira” e acrescentou que os eleitores não podem “votar num imbecil”.

Na terceira colocação na disputa, corre por fora o deputado federal Tarcísio Motta, do PSOL. Ele buscou angariar o apoio da esquerda carioca, mas viu Paes ganhar um apoio de peso entre os progressistas, o de Lula. Ex-vereador do Rio e candidato duas vezes ao governo do Estado, Tarcísio conta com o apoio de alas do PT, partido que integrará a base de Paes.

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