Nomeados por Chiquinho Brazão são exonerados de cargos na prefeitura do Rio de Janeiro

Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, exonerou pelo menos cinco pessoas aliadas do deputado federal acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco; substituto de Brazão na Câmara também foi exonerado

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Camim
Atualização:

Nesta terça-feira, 26, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), exonerou da Secretaria Especial de Ação Comunitária (SEAC) seis servidores nomeados por indicação do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido).

PUBLICIDADE

O deputado foi preso após ser apontado por investigações da Polícia Federal (PF) como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. Chiquinho assumiu o comando da secretaria em outubro de 2023, mas deixou o cargo em fevereiro deste ano, quando surgiram as primeiras informações sobre o acordo de delação premiada de Ronnie Lessa, apontado como executor de Marielle e do motorista dela Anderson Gomes. A escolha do deputado se deu por meio de um acordo político entre o Republicanos e o governo municipal para ampliar a base política com vistas às eleições municipais deste ano.

Ricardo Abrão (União-RJ) substituiu Chiquinho no comando da pasta e é sobrinho do bicheiro conhecido como Anísio Abrão David. Ricardo Abrão está entre os exonerados. Ele é suplente de Chiquinho na Câmara. Caso o parlamentar seja cassado, Ricardo Abrão assumirá a vaga no Legislativo federal.

Com a exoneração dele, o prefeito do Rio nomeou novamente Marli Peçanha, que chefiava a pasta antes de Brazão assumir o cargo, para o comando da secretaria.

Publicidade

Aliados do deputado Chiquinho Brazão são exonerados pelo prefeito do Rio de Janeiro nesta terça-feira, 26. Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Após a prisão de Chiquinho, de seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e do ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa, apontados como “autores intelectuais” dos assassinatos de Marielle e Anderson, as exonerações de pelo menos cinco pessoas nomeadas por Chiquinho para a SEAC foram publicadas no Diário Oficial da cidade do Rio de Janeiro.

Foram exonerados:

  • O já citado Ricardo Abrão, que assumiu o cargo de Secretário Especial na Secretaria Especial de Ação Comunitária em fevereiro deste ano, substituindo Chiquinho;
  • Roberto Peçanha Fernandes, subsecretário na Subsecretaria de Ações Territoriais da SEAC. Apadrinhado por Domingos Brazão, ele foi diretor-presidente da Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro (Cehab-RJ) e diretor de obras e conservação regional do Departamento de Estradas de Rodagem (DER). O vínculo entre Fernandes e a família Brazão foi revelado em dezembro de 2022 por causa de uma investigação que apurava irregularidades na compra de concreto pelo DER. O caso ficou conhecido como “farra do asfalto”;
  • Luís Alberto Marques Kede, coordenador geral da Coordenadoria Geral de Articulação Intersetorial e Projetos Especiais da SEAC;
  • Luiz Claudio Xavier dos Reis Júnior, assistente da Coordenação de Articulação Territorial 1 da Subsecretaria de Ações Territoriais da SEAC. Ele ainda foi secretário parlamentar do gabinete de Chiquinho entre maio de 2023 e outubro do mesmo ano;
  • Hugo Duarte Barbosa, assistente I da Coordenação de Articulação Territorial 1 da Subsecretaria de Ações Territoriais da SEAC;
  • Zélio Ricardo Perdomo Portugal, assistente da Coordenação de Articulação Territorial 2 da Subsecretaria de Ações Territoriais da SEAC. Ele inclusive foi citado no relatório da PF que expõe como se deu o planejamento dos assassinatos como um dos responsáveis pelo centro social Gente Solidária. Em 2019 ele atuou no gabinete do deputado estadual Pedro Brazão na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

A prisão de Chiquinho atinge a aliança formada por Paes em torno de sua pré-candidatura à prefeitura do Rio. Em publicação no X (antigo Twitter), o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, sinalizou que a prisão do deputado deve ser usada contra o prefeito, dizendo que “se minimamente trabalhada a eleição da cidade do Rio acabou hoje (domingo, 24). Mãos à obra”.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.