Nos EUA, Bolsonaro lança dúvida sobre eleição no Brasil e diz que deixou tese de fraude contra Trump

Presidente disse que vai defender interesses do País em encontro bilateral com Joe Biden e que não vai mais questionar o processo eleitoral americano

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Por Beatriz Bulla e Aline Bronzatti
Atualização:

LOS ANGELES – Nos Estados Unidos para encontrar o americano Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar em xeque a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, mas deixou claro que não irá lançar dúvidas sobre a eleição americana da qual o republicano Donald Trump saiu derrotado.

“Não vim aqui tratar desse assunto. Já é um passado. Vocês sabem que eu tive um excelente relacionamento com o presidente Trump. Isso é passado. O presidente agora é Joe Biden, é com ele que eu converso, ele é o presidente e não se discute mais esse assunto”, afirmou Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro chega para participar da Cúpula das Américas: 'Nós queremos uma aproximação cada vez maior com países democráticos como são os Estados Unidos' Foto: Mario Tama/AFP

O encontro entre os dois foi costurado a contragosto pelos dois líderes. Biden se curvou à ideia de convidar Bolsonaro para um encontro bilateral diante do risco de sediar uma Cúpula das Américas esvaziada. Bolsonaro, que já questionou a legitimidade da eleição americana de 2020, disse que irá defender na reunião os interesses do Brasil. “Estou em paz, tranquilo, estudei bastante o assunto. (Vou) Defender os interesses do meu país, não o meu interesse”, afirmou.

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Ele voltou a fazer investidas, no entanto, contra o processo eleitoral brasileiro. O assunto deve ser trazido por Biden na bilateral entre os dois líderes que acontecerá hoje, segundo a Casa Branca disse ontem. “Como é que você vai achar provas em um sistema que é inauditável?”, disse Bolsonaro, sobre ausência de provas de que tenha havido fraude em eleições no Brasil.

Sobre demandas do Brasil a serem feitas no encontro com Biden, Bolsonaro afirmou que não trouxe nenhum pedido formal. Seu intuito, emendou, é conversar com o presidente dos EUA, grande parceiro do Brasil, e aprimorar as relações entre os países. “Queremos aproximação cada vez maior com países democráticos como os EUA”, afirmou Bolsonaro.

Ao ser questionado sobre a fala do presidente norte-americano, que disse que a democracia estaria em risco ao redor do mundo, afirmou que a América Latina é muito grande e que sua briga é pela liberdade.

Dom Phillips e Bruno Pereira

Biden tem sido pressionado por políticos do seu partido e ativistas a cobrar de Bolsonaro respostas sobre o desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira. Nesta quinta-feira, Bolsonaro afirmou que não tem notícia do paradeiro dos dois.

“Não tenho notícia do paradeiro deles, a gente pede a Deus para que sejam encontrados vivos mas a gente sabe que a cada dia que passa essas chances diminuem. Desde o primeiro dia, quando foi dado o sinal de alerta, a Marinha entrou em campo, e no dia seguinte as forças armadas e a polícia federal, tem quase 300 pessoas nessa procura, dois aviões, helicópteros, barcos. Agora, eles entraram numa área, não participaram a funai, tem um protocolo a ser seguido, e naquela região normalmente você entra escoltado, foram para uma aventura. A gente lamenta pelo pior.”, disse Bolsonaro.

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