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Nove policiais acusados no caso de Vigário Geral são absolvidos

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Por Agencia Estado
Atualização:

Nove policiais militares acusados de envolvimento na chacina de Vigário Geral foram absolvidos nesta quarta-feira pelo II Tribunal do Júri. Os policiais tinham sido citados em gravações feitas por outros PMs suspeitos de participação nas mortes de 21 moradores da favela e em quatro tentativas de homicídio, há dez anos. Até a promotoria e as famílias das vítimas pediram que eles fossem inocentados, alegando que as fitas eram uma "armação". Dos 33 denunciados pelo Ministério Público, somente dois estão presos. O caso Vigário Geral foi desmembrado em duas partes. Na primeira, dezoito policiais foram absolvidos, dez dos quais com base nas gravações, feitas pouco depois da chacina. Nelas, os PMs, enquanto presos, se diziam inocentes e acusavam os colegas, que foram detidos em seguida. Agora, o promotor Paulo Rangel quer a condenação deles. "É óbvio que as fitas são uma armação. Quero a condenação máxima para os verdadeiros culpados", afirmou Rangel. Ele criticou a atuação do MP ao aceitar a fita como prova para inocentar os dez policiais. E disse ainda que a iniciativa de acusar outros PMs foi do então comandante dos PMs acusados à época, coronel Emir Laranjeiras, que queria livrar-se da imagem ruim causada pelo envolvimento de seus subordinados na chacina. Segundo o promotor, Laranjeiras pretendia eleger-se deputado estadual - o que conseguiu. Rangel disse ainda que o coronel é ligado ao secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho. A defesa dos PMs afirmou que tudo foi "uma conspiração política que envolveu inclusive deputados." Além dos nove policiais julgados ontem, outros nove também foram citados nas gravações, mas conseguiram provar seus álibis. Viúva de Adalberto de Souza, uma das vítimas, Iracilda Toledo, ainda espera que a justiça seja feita. "O fato de dez anos terem se passado não muda nada", disse. Ela saiu de Vigário Geral três meses depois da tragédia. "Eu tinha que criar meus filhos e meu neto longe dali." Antes do fim do julgamento, Lúcia Helena Costa, irmã do PM Pedro Flávio da Costa, acusado de jogar algumas das armas usadas na chacina do alto da Ponte Rio-Niterói, já estava confiante na absolvição. O policial ficou preso por dois anos. "Nós sofremos muito. Quero ver quem paga isso." O julgamento começou às 9 horas e terminou à noite. Os demais réus são: Edison Barbosa, André Luiz Vigário e Silva, Sidnei Paulo Menezes de Oliveira, Luiz Carlos da Silva, Marcelo Amaro Rodrigues da Silva, Marcos Batista Gomes, Carlos José de Lima Teixeira e Marcelo Sarmento Mendes. O júri foi composto por três mulheres e quatro homens.

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