Novo ministro do Esporte defende Lira como ministro de Lula: ‘ele merece e tem tamanho para isso’

André Fufuca cobra mais recursos para sua Pasta e diz que vai criar uma estrutura para cuidar de emendas parlamentares destinadas ao esporte

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Foto: WILTON JUNIOR
Entrevista comAndré FufucaMinistro dos Esportes

BRASÍLIA - O novo ministro do Esporte, André Fufuca, afirmou, que os recursos previstos na proposta de orçamento para 2024 são insuficientes para garantir estrutura adequada à Pasta. Recém empossado, ele reforçou que vai trabalhar junto ao Legislativo para incrementar o caixa do ministério. Fufuca também defendeu que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vire ministro do governo Lula. “Tem tamanho para isso”, comentou Fufuca.

O novo ministro também disse que vai ampliar no Ministério a equipe responsável por gerir as emendas parlamentares. Uma das principais queixas da Câmara no primeiro semestre, inclusive da bancada do progressistas, foi em relação à demora do governo em liberar os recursos destinados aos deputados.

O novo ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), tomou posse na noite na quarta-feira (13/9), em cerimônia na sede da pasta, na Esplanada dos Ministérios em Brasília. FOTO: WILTON JUNIOR/ ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

Confira abaixo os principais trechos da entrevista ao Estadão/Broadcast:

A classe do esporte criticou a troca de uma ex-atleta, a Ana Moser, por um político, que é o senhor. Como o senhor pretende conquistar essa classe? Vai manter parte da equipe de Ana Moser?

Melhor do que manter equipe é manter os projetos, até porque o que fica em qualquer sociedade são os projetos e os sonhos. Os projetos e as construções importantes que estão sendo feitas antes serão mantidas e os quadros técnicos que possam colaborar nós iremos abraçar de braço aberto. Em relação às divergências que houve com o nosso nome, é normal, ninguém agrada todo mundo, mas a gente vai procurar com muita humildade, muita tranquilidade, mostrar a nossa boa vontade, capacidade de gestão e trabalho. Eu acredito que com o trabalho com gestão, eles vão reconhecer que a gente não lembra “bicho papão”.

Quais serão suas principais prioridades no Ministério do Esporte?

Sem sombra de dúvida, tentar democratizar o espaço de qualidade do esporte. Temos um déficit absurdo de estrutura física de esporte no Brasil inteiro. A gente precisa combater isso de forma efetiva no Brasil. O fomento do esporte no Brasil, hoje, é pequeno. Temos a questão da paridade [de gênero], que também é outra coisa que a gente vai trabalhar.

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E como o senhor pretende melhorar a paridade de gênero no esporte?

Vamos começar, primeiro, dando exemplo aqui no Ministério. A gente quer ter essa paridade a partir dos funcionários. E trabalhar em parceria com outros ministérios, como o Ministério das Mulheres, através da conscientização.

Como o senhor pretende fazer isso?

Primeiro, entrega de orçamento, para ter estrutura, tem que ter orçamento. Então, a primeira coisa que a gente tem que fazer é ter o apoio do Executivo e correr atrás de orçamento no Legislativo. Isso a gente já tá trabalhando para fazer. Tirar do papel.

O senhor acha que deve aumentar o orçamento do Ministério?

A gente vai trabalhar para isso, sem sombra de dúvidas.

A previsão de recursos que veio no Projeto de Lei Orçamentário de 2024 é suficiente?

Não. Vamos tentar aumentar, conscientizar os parlamentares, através de parcerias. Mas o recurso que está na PLOA é insuficiente para o Ministério. Não tem jeito.

Uma das principais reclamações do Congresso no primeiro semestre foi sobre a demora na liberação de emendas. Como pretende trabalhar isso?

Primeiro, ampliar o setor responsável por isso aqui. O setor de assessoria parlamentar que tem aqui e o setor que trata de meta é muito deficitário, tem pouco funcionário. A primeira coisa é fortalecer isso para que a gente possa dar vazão. O ministério que tem que ter entrega, tem que ter obras rápidas, você não pode ficar aguardando uma vida para entregar uma obra.

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O PP pleiteou o Ministério do Desenvolvimento Social, mas Lula blindou o PT no comando da pasta. O senhor e o partido estão satisfeitos com o Esporte?

A gente sempre trabalhou em busca de um ministério que pudesse ter capilaridade, entregas e, acima de tudo, para que pudéssemos ajudar na gestão do presidente Lula. Quem faz a oferta do espaço é o Executivo. Foi conversado com a bancada, que achou uma boa e a gente aceitou. Então, pode-se dizer que a gente está satisfeito com o espaço que foi destinado ao partido.

Como o senhor viu a ausência de Lula na cerimônia de transmissão de cargo?

O presidente Lula deu a posse. Na cerimônia [de transmissão de cargo], ele não esteve, porque foi uma opção nossa fazer a transmissão de cargo no mesmo dia da cerimônia de posse. Para que ele estivesse presente, teria que ter sido feito em outro dia, mas ele não se negou hora nenhuma a estar presente na solenidade.

E a ausência da ex-ministra Ana Moser?

Deve ter acontecido alguma questão pessoal que ela não pôde ir. Para mim, também, problema zero.

Diria que ainda não há tanta confiança do Lula no senhor?

Minha relação com o presidente Lula é uma relação em construção. Ele sabe da minha correção, da minha lealdade com meus amigos. Só o tempo vai solidificar isso. Não adianta a gente querer apressar uma situação. Confiança se ganha com trabalho, dedicação, lealdade.

Ainda sente resistência do governo em relação ao senhor?

Não sinto nenhuma resistência do presidente Lula. Ao contrário, sinto demonstração de carinho, otimismo, esperança. Dentro do governo, estou vendo boa vontade do Rui Costa [ministro da Casa Civil, do [ministro das Relações Institucionais, Alexandre] Padilha e de outros ministros. Vários ministros me procuraram essa semana para que a gente possa fazer parceria.

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O senhor já disse que pretende fazer uma ponte entre o governo Lula e o presidente do PP, Ciro Nogueira. Como?

A primeira coisa é reformar a minha ponte com ele [Ciro].

Vocês brigaram?

Estamos um pouco afastados há alguns dias. Faz parte. Ciro era contra eu assumir [o Ministério do Esporte]. A linha dele hoje é oposicionista. Ele externa isso. É uma coisa forte, que todo mundo vê.

Ele chegou a pedir para o senhor não assumir o Ministério?

Ele falou, pediu. Não é uma questão pessoal. Foi a bancada do partido que construiu isso. Da mesma forma que eu não pude negar a missão que me deram quando fui para a mesa [diretora da Câmara] e quando fui líder, não vou negar também essa missão da bancada.

A tendência é haver uma redução do número de partidos, o que vai exigir que as siglas tenham uma posição mais definida no espectro político-ideológico. O PP caminha na contramão ao se posicionar como direita e ter quadro no primeiro escalão de um governo de esquerda?

Eu acho que não, porque o PP, na verdade, sempre caminhou no centro. E eu acho que, há 10 anos, o país caminha muito radicalizado, então a tendência de haver uma centralização de forças é muito maior.

A bancada do PP vai continuar independente?

Acredito que pode haver uma cristalização maior do apoiamento da bancada, mas ela já vem apoiando [o governo] cerca de 70%, 80% dos votos.

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A adesão da bancada ao governo pode chegar a, por exemplo, 90%?

O partido sempre esteve ajudando o governo, desde a transição no ano passado. É a construção, tem que aguardar, dar tempo ao tempo.

A MP da Esplanada foi votada apenas um dia antes de caducar e havia ameaças de derrubada da matéria. O senhor acha que esse tipo de tensão não vai mais ocorrer?

Não posso afirmar. Acredito que a pacificação vai ser maior.

Com a entrada do PP, a relação de Lira com o governo vai melhorar? Não há uma relação de desconfiança?

Já é muito boa. Eu queria ter relação de desconfiança com alguém desse jeito, porque eu nunca vi um presidente, de 20 anos que eu acompanho política, entregar o que o Arthur entregou. Em todas as matérias importantes do governo, ele foi o fiador e conseguiu entregar. Tem sido um aliado do governo.

Lira pode ganhar um ministério quando sair da presidência da Câmara?

Por onde passou, Arthur fez um bom trabalho. Ele foi bom deputado estadual, bom deputado federal, nunca foi mais um, sempre foi um cara que fez a diferença. E se tiver interesse de ser ministro, qualquer governo, eu acho, que gostaria de ter ele. Onde ele for, ele vai fazer um papel diferenciado.

Um ministério seria um cargo mais à altura dele do que voltar para o varejo da Câmara, o senhor acha?

Acho que seria bem-vindo. Ele merece. Tem tamanho para isso.

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