Nunes diz que empresa acusada de ligação com PCC não cuidará mais do ônibus aquático de São Paulo

Transwolff, sob intervenção em razão de sua diretoria ser acusada de lavar dinheiro do crime organizado, havia sido escolhida Prefeitura para gerir o sistema de transporte na represa Billings

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Foto do author Marcelo Godoy

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que a empresa Transwolff não vai mais administrar o sistema de ônibus aquáticos na represa Billings, na zona sul de São Paulo. O anúncio foi feito na quarta-feira, 17, oito dias depois de a Justiça determinar a intervenção na empresa, alvo da Operação Fim da Linha, e o afastamento de sua direção em razão da acusação de que seus acionistas participarem de uma organização criminosa que lavava dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O projeto Aquático-SP, na represa Billings, aceitará pagamento com bilhete único. Cada embarcação tem capacidade para 60 pessoas e há espaço para três cadeirantes Foto: SPTrans

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“A gente optou por não fazer mais o transporte hidroviário com a empresa Transwolff. Porque estava com a Transwolff? Porque a Transwolff ganhou a licitação daquele território. Então naturalmente passou para eles. Como se a gente fizer uma linha de ônibus nessa área, quem vai operar é a Transwolff. É por região.”, disse Nunes. Mas, segundo o prefeito, em razão das investigações que estão envolvendo a Transwolff e a UPBus, ele decidiu “operar o aquático pela Prefeitura”.

Nunes afirmou que a Procuradoria do Município está verificando qual o caminho legal será adotado para que o Município assuma a operação do sistema. “Vou fazer uma requisição administrativa, requerendo o bem (os ônibus aquáticos)? É uma prerrogativa do prefeito. Ou se a gente vai fazer a desapropriação.” De acordo com ele, de toda forma, a Prefeitura de São Paulo é quem vai operar esse modal de transporte. “Eu quero inaugurar o mais rápido possível.”

O prefeito também defendeu o papel da administração na assinatura e manutenção dos contratos com as empresas investigadas. Ele disse que a Transwolff e a UPBus entraram no sistema por meio de contratos emergenciais em 2015 e depois venceram a licitação feita em 2019, antes de sua gestão. “Todos o itens apresentados (exigidos na licitação) foram atendidos pelas empresas, inclusive as certidão da Receita Federal, que participou da Operação (Fim da Linha).”

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Nunes lembrou a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), que liberou o transporte na represa. “Tivemos uma decisão importante do Tribunal de Justiça no domingo, suspendendo a decisão que impedia o serviço.” para ele, prevaleceu o bom senso. No dia 14, o TJ-SP liberou a inauguração do novo modal, o Aquático SP – primeiro transporte hidroviário de São Paulo, que vai operar na represa Billings.

Em março, a Justiça havia barrado o início das viagens diante de possíveis riscos ambientais, a pedido do Ministério Público do Estado (MPE). A liberação do início do serviço havia sido solicitada pela SPTrans. De acordo com a Prefeitura, estudos comprovariam a segurança do ônibus aquático para a represa. Havia ainda parecer técnico favorável da Companhia Ambiental do Estado (Cetesb).

O prefeito Ricardo Nunes durante o anúncio da intervenção na Transwolff, em razão da operação Fim da LInha Foto: Werther Santana/Estadão

A linha de ônibus aquático ligará a região de Mar Paulista, em Pedreira, ao Cantinho do Céu, no Grajaú, com a promessa de agilizar o transporte para cerca de 385 mil moradores. O modal deve facilitar o acesso ao Terminal Santo Amaro, um dos gargalos do trânsito. O veículo aquático vinha sendo testado pela gestão Nunes e tinha inauguração planejada para o fim de março, após sucessivos adiamentos, desde 2023.

A direção da Transwolff é suspeita de envolvimento com o PCC. Segundo a denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a empresa dirigida por Luiz Carlos Efigênio Pacheco, o “Pandora”, lavou R$ 54 milhões vindos das atividades criminosas da facção. Desde então, a empresa tem informado que não se manifesta, uma vez que a empresa está sob intervenção da administração municipal.

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Já a defesa de Pacheco afirmou que o valor injetado na empresa “jamais foi oriundo de organização criminosa”. É o que disse o advogado Roberto Vasco Teixeira Leite, que o defende. Segundo ele, os recursos são “oriundos de capital próprio” e de empréstimos feitos por pessoas jurídicas de uma holding. “Referidos recursos foram utilizados para aquisição dos ativos necessários para a operação”, afirmou. “Pacheco nunca foi membro de organização criminosa.” Pandora está preso e responde a processo com outros nove réus sob as acusações de organização criminosa, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e extorsão.

A Transwolff é uma das três maiores empresas de ônibus de São Paulo. Ela tem 1.111 veículos e transporta em média 15 milhões de passageiros por mês. Em 2023, a empresa recebeu R$ 748 milhões em repasses feitos pela Prefeitura de São Paulo.

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