Nunes quer MDB fora do projeto Lula em 2026 e defende apoio a Tarcísio ou Bolsonaro; veja entrevista

Prefeito reeleito de São Paulo considera que governo federal “extrapolou” na eleição da capital paulista e critica vídeo publicado por Janja na véspera do segundo turno

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Atualização:
Foto: Taba Benedicto/ Estadão
Entrevista comRicardo Nunesprefeito reeleito de São Paulo

Reeleito no último domingo para administrar a cidade de São Paulo por mais quatro anos, Ricardo Nunes disse em entrevista ao Estadão nesta terça-feira, 29, que vai trabalhar para que o seu partido, o MDB, apoie o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial de 2026.

“Não tem o menor sentido, aqui em São Paulo, eu defender o apoio à reeleição do presidente Lula ou do PT porque eles agiram de forma muito contundente contra a minha candidatura”, afirmou Nunes. “É natural, e óbvio, que eu vou defender quem me apoiou. E quem me apoiou foi o Tarcísio, quem me apoiou foi o presidente Bolsonaro”, acrescentou ele.

A vitória de Nunes em São Paulo colocou o MDB, pela primeira vez, no comando da maior metrópole da América Latina pelo voto popular. Até então, a única ocasião em que o partido governou a cidade foi em 1983, quando Mário Covas tornou-se o último prefeito biônico antes da redemocratização do País. Com 100% das urnas apuradas, o prefeito somou 3.393.110 votos, ou 59,35% dos válidos, enquanto Guilherme Boulos ficou com 40,62%.

O MDB tem três ministérios no governo Lula — Planejamento, comandado por Simone Tebet; Cidades, chefiado por Jader Filho; e Transportes, com Renan Filho. No segundo turno da última eleição, a legenda ficou neutra e liberou seus filiados para apoiar tanto o petista quanto Bolsonaro. Tebet foi uma das que declararam voto em Lula.

Nunes afirma não ser o único dentro do partido que deseja barrar o apoio a um projeto do PT. Ele relata que conversou com o prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), que o incentivou a usar sua “força política” para impedir que a sigla dê apoio a Lula.

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Questionado sobre como reagirá caso o MDB suba no palanque do presidente, o prefeito de São Paulo inicialmente foi taxativo, dizendo que isso não acontecerá. Depois, acrescentou: “É muito cedo. Eu vou fazer o meu trabalho para não ir. Eu posso ter sucesso ou não”.

Ricardo Nunes em entrevista ao Estadão em seu gabinete na Prefeitura de São Paulo Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Embora afirme que tenha boa relação com diversos ministros, Nunes considera que o governo Lula “extrapolou” na campanha da capital paulista, onde apoiou a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL). Ele cita uma publicação feita pela primeira-dama, Rosângela da Silva, na véspera da eleição.

No vídeo, que traz Janja ao lado de outras personalidades, há menção ao boletim de ocorrência registrado em 2011 pela esposa do prefeito, Regina Nunes, por suposta violência doméstica, ameaça e injúria. A primeira-dama diz na gravação que as mulheres teriam a oportunidade de votar “em quem valoriza nossas vidas e quem caminha ao nosso lado pelo fim da violência contra as mulheres”.

“A mulher do presidente fez um vídeo totalmente fake news um dia antes da eleição para atacar a mim e à minha esposa. Não é correto isso. Eu levei a campanha com muito respeito, colocando minhas posições e diferenças com relação aos adversários, mas sem levar para a baixaria e para esse ponto de desespero. As outras questões são normais: o presidente Lula ter seu candidato, apoiar e pedir voto para ele”, disse.

Segundo o prefeito, assim como Boulos, Lula ainda não o procurou após a vitória. Nunes descarta tomar a iniciativa “Quem ganhou a eleição fui eu. Quem tem que ligar para mim é ele”, conclui.

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O prefeito manterá a pressão para que o governo Lula intervenha na concessionária Enel, cujo serviço tem apresentado falhas recorrentes em dias de chuva em São Paulo, mas acredita que o Executivo terá a coragem necessária para romper com a empresa.

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Nunes aponta possível conluio entre a concessionária e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Para o prefeito, o chefe da pasta é “conivente” e tem “comportamento suspeito”. “Dizer que é coincidência o amiguinho dele, da terra dele, virar presidente do Conselho de Administração é chamar a gente de idiota”, diz.

O emedebista avalia que Pablo Marçal (PRTB) ficará inelegível pelo que fez na eleição paulistana, mas tem opinião oposta quando o assunto é o aliado Tarcísio de Freitas, que foi alvo de uma ação da campanha de Boulos após afirmar, no último domingo, que o Primeiro Comando da Capital (PCC) recomendou voto no deputado do PSOL. “Ele respondeu a uma pergunta. É muito diferente”, justificou.

O prefeito demonstrou confiança sobre a relação com a próxima legislatura na Câmara Municipal, onde elegeu 36 vereadores, e defendeu que o presidente do Legislativo seja do União Brasil. Ele vetou, porém, o nome de Rubinho Nunes (União), que fazia parte de sua base, mas debandou para a campanha de Marçal.

“O Ricardo Teixeira é bom, já tem experiência. É muito difícil ser presidente da Câmara quem está em primeiro mandato”, respondeu quando questionado sobre qual outro membro do partido poderia assumir a tarefa.

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Veja alguns pontos da entrevista:

O MDB tem três ministérios no governo Lula e se aproximou do governador Tarcísio até em função da participação dele na sua reeleição. O que o sr. vai defender para o futuro do MDB, principalmente em relação à eleição de 2026?

Eu vou defender, obviamente, como conversei com o (Sebastião) Melo, prefeito de Porto Alegre reeleito, de que a gente caminhe com quem nos apoiou. Não tem o menor sentido, aqui em São Paulo, eu defender o apoio à reeleição do presidente Lula ou do PT, porque eles agiram de uma forma muito contundente contra a minha candidatura. É natural e óbvio que eu vou defender quem me apoiou. Quem me apoiou foi o Tarcísio, o presidente Bolsonaro. Em retribuição, é óbvio que eu vou fazer isso, porque eu sempre fui uma pessoa de ter, no meu histórico de vida, a coerência. E foi o que o (Sebastião) Melo me falou ontem, por exemplo: “Ricardo, você precisa usar sua força para não deixar (o MDB) apoiar o Lula, porque eles colocaram a Maria do Rosário aqui, batendo em mim”. É natural que a gente vá reconhecer que quem nos apoiou agora é que merece nosso apoio.

E se o MDB acabar caminhando com o presidente Lula?

Não vai.

Em 2022, o sr. ficou muito incomodado com a presença da hoje ministra Simone Tebet no palanque do Lula…

Eu não fiquei incomodado. Só achei que ela poderia ter me consultado. Aqui foi o local que ela mais teve voto. Por coerência. Ela era candidata do meu partido, eu fiz campanha para ela, ela teve muito mais votos aqui do que na terra dela. Na hora de declarar apoio, ela poderia pelo menos conversado (comigo). Porque durante o processo da pré-campanha e da campanha, ela me procurou muitas vezes e a gente conversou bastante. Não que eu fosse influenciar, mas só por uma questão de consideração.

Se o MDB caminhar com Lula, o que o senhor vai fazer, prefeito?

É muito cedo. Eu vou fazer o meu trabalho para não ir.

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O que o sr. espera da relação com o governo federal no próximo mandato?

Que o governo federal trate a cidade de São Paulo com o respeito que ela merece. Passou a eleição, acabou a eleição. Eu acho que o governo federal extrapolou dentro do contexto de uma relação republicana, mas tudo bem, está no passado. O que a gente precisa é ter uma relação de respeito com o povo de São Paulo. A liberação dos casos que a gente tem no PAC, que até agora não saiu nada, a questão da Enel é fundamental. Quando o governo federal deixa de assumir a sua responsabilidade, porque é deles, prejudica o povo da cidade de São Paulo e de outros 23 municípios.

Por que o governo extrapolou?

Algumas falas desnecessárias. A mulher do presidente fez um vídeo totalmente fake news um dia antes da eleição para atacar a mim e à minha esposa. Não é correto isso. Eu levei a campanha com muito respeito, colocando minhas posições e diferenças com relação aos adversários, mas sem levar para a baixaria e para esse ponto de desespero. As outras questões são normais: o presidente Lula ter seu candidato, apoiar e pedir voto para. É do jogo e tem que ser feito, como o Tarcísio fez (com ele).

Eu tenho tido uma relação muito boa com o ministro Padilha, o ministro Wellington (Dias) veio aqui, Jader (Filho) esteve aqui várias vezes, o ministro Renan (Filho). Com todos eu tenho conversado…O Camilo (Santana) da Educação. Eles me ligam, eu retorno, a gente conversa, de forma totalmente republicada e de interesse do País e da cidade. Só o que eu tive de problema nesse período foi com o Flávio Dino (ex-ministro da Justiça), que me fez uma ligação e depois soltou uma mentira. Fora aquele episódio, eles mandam fazer inscrição para o PAC e não sai nada. A gente inscreve, põe toda a equipe para fazer os projetos, e não sai do lugar. Mas com relação ao relacionamento, não teve uma solicitação de ligação, de reunião, que eu não atendesse. Fica essas coisas da campanha que agora a gente tem que apagar. Espero que eles entendam que a eleição passou, que o povo decidiu pela continuidade do nosso trabalho e eu represento a população.

O sr. vai ligar para o presidente ou espera que ele o convide para uma reunião?

Quem ganhou a eleição fui eu, quem tem que ligar para mim é ele.

Ele não procurou o senhor?

Não. Nem ele, nem o derrotado (Guilherme Boulos).

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O ex-presidente Jair Bolsonaro teve uma postura dúbia ao longo da campanha em relação ao senhor. Ficou alguma mágoa?

Nós ganhamos a eleição e o Bolsonaro deu sua contribuição. No início quando ele trouxe o PL para nos apoiar e fez a indicação de coronel Mello foi super importante porque a gente fez com que o centro e a direita estivessem unidos contra a extrema esquerda.

Aí depois acabou tendo que viajar muito para os municípios. Agora se falasse ‘espera um pouquinho, o presidente está andando de jet ski lá em Ilhabela. Aí eu ia ficar chateado. Espera um pouquinho, estou aqui me matando e ele andando de jet ski?

Eu ficava entrando na rede social dele. Ele estava lá fazendo uma carreata, uma caminhada, comício, então ele estava trabalhando nesse aspecto em outros municípios. Não tenho o que reclamar do presidente Bolsonaro. Só tenho a agradecer pela sua participação no processo eleitoral.

Às vezes tinha alguma situação em que um deputado mais rebelde eu falava ‘presidente, segura esse cara aí’, está falando besteira. Muita gente flertando ali com o... (Pablo Marçal). ‘Dá uma segurada aí no Nikolas’. Acabou que o Nikolas não conseguiu ajudar nem o (candidato) prefeito da cidade dele. Perdeu.

O (Gustavo) Gayer lá não elegeu nem o prefeito da cidade dele, perdeu também. Acabou tendo muita opinião de gente que era de Minas, de Goiás, para interferir na campanha de São Paulo e que sequer conseguiu reeleger os prefeitos das suas cidades.

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Aqueles que quiseram colocar as asinhas para fora querendo fazer barulho acho que o resultado da eleição deu uma boa lição.

O bolsonarismo vai estar representado de alguma forma na sua nova gestão?

Já está através do Mello (Araújo, vice-prefeito). De secretaria, o presidente Bolsonaro nunca me pediu nenhuma secretaria, nunca falou nada sobre indicação, acho que nem pretende fazer nenhuma indicação ou sugestão. A gente vai ter o Mello participando bastante ativamente do governo, porque foi eleito, comigo, vice-prefeito. Mas da composição (do secretariado), eu já falei isso e vou reafirmar: eu fiz questão de criar uma grande frente ampla, mas deixar muito claro para todos os presentes partidos que não faria acordo de secretaria comigo. Obviamente, os partidos vão fazer sugestão de nome, de indicação, isso é natural. Mas a escolha vai ser minha.

Mas o senhor pretende trazer alguém de perfil mais bolsonarista, além do Mello?

Não. Não tem essa...Pode ser que tenha algum nome pelo perfil técnico. Mas não vai ser assim, “ah porque é bolsonarista” ou qualquer outra (coisa).

O que o senhor ambiciona para depois da Prefeitura de São Paulo?

Ambiciono ser um bom prefeito. As coisas têm sua etapa, né? Quem sai queimando largada não dá certo. Meu foco é cuidar da cidade. Hoje, não passa pela minha cabeça uma disputa de outra eleição. Agora, lógico, a política é dinâmica. As coisas vão acontecendo, a gente pode ter um cenário diferente no futuro próximo, e as coisas vão se moldando.

Existe algum acordo para a eleição da presidência da Câmara? E o senhor vai ter algum veto a algum nome, por exemplo, do Rubinho Nunes?

Está vetado o Rubinho Nunes. A gente precisa ter um presidente da Câmara com caráter. Não será o Rubinho Nunes.

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Tem acordo para que a presidência seja do União Brasil?

Deve ser do União. No primeiro turno, tivemos uma conversa com o União Brasil, tanto com o Rueda quanto com o Milton Leite, que eles pleitearam e a gente não colocou nenhuma objeção. Evidentemente, vai depender do nome que eles vão apresentar.

Quem, na bancada do União Brasil, o senhor considera ter condições de disputar a presidência?

O Ricardo Teixeira é bom, já tem experiência. É muito difícil ser presidente da Câmara quem está em primeiro mandato. O Silvão e Silvinho Leite são primeiro mandato, a pastora Sandra Alves também, assim como a Amanda Vettorazzo e o Adrilles Jorge.

Tem um livro sobre o Marçal (Pablo Marçal - A trajetória de um criminoso) em cima da sua mesa. O senhor já leu?

Eu ganhei esse livro em um almoço de apoio dos procuradores. Não li ainda.

E o senhor vê o Marçal com futuro na política?

Zero. Nenhum.

O senhor acha que ele vai ficar inelegível?

Eu acho não. Ele tem que ficar. Não é possível que alguém cometa tanta atrocidade, tantos atos contrários às pessoas e às normas legais e fique impune. Não tem o menor sentido. Vai ser uma vergonha se ele não pagar pelo que ele fez.

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A campanha do PSOL entrou com uma ação pedindo a inelegibilidade do governador Tarcísio pela declaração dele de que o PCC recomendou voto no Boulos. O senhor que o Tarcísio também deve ficar inelegível? O governador deu uma declaração...

Não. Ele respondeu uma pergunta. É muito diferente de você chegar num lugar e falar: ‘vem cá, quero dizer uma coisa para vocês. O PCC, ou o João, ou o integrante, ou sei lá quem soltou um bilhete pedindo voto para a Rosana Valle, pro Boulos’. Ele não fez isso.

Ele estava lá na coletiva, muito solícito com vocês da imprensa, e um jornalista pergunta para ele: ‘governador, tem uma matéria que saiu em algum lugar que fala que tem uma investigação, bilhetes de organização criminosa pedindo votos para pessoas do litoral e de outras cidades’.

Ele falou: ‘Tem, a secretaria que cuida do sistema penitenciário interceptou uns bilhetes, tal e tal’. A repórter pergunta: ‘governador, quem é o candidato em São Paulo que eles indicam?’. O Tarcísio responde: ‘O Boulos’. Ele tinha respondido que era a Rosana Valle em Santos e respondeu uma pergunta. É muito diferente.

Quando você atende a imprensa, se referindo a uma matéria jornalística, respondendo uma pergunta, não tem... Isso é desespero deles. Você vê o que a Janja fez comigo e com minha mulher no dia da eleição, o nível de responsabilidade.

Agora, ele (Boulos) não disse que tinha pedido a prisão do Marçal por causa do laudo? E (depois) estava do ladinho do Marçal fazendo live. Colocou Marçal no horário eleitoral dele. Ah, pelo amor de Deus.

O que o senhor pretende fazer de diferente para lidar com o período de chuvas que teremos pela frente?

Pressão total para tirar a Enel. Eu acho que não vai conseguir agora, porque o governo federal não vai ter coragem de fazer aquilo que já deveria ter feito, que é fazer a intervenção. Se fizer, vou ficar muito feliz, vou reconhecer o ato de coragem. Mas acho que não vão ter coragem de fazer.

Marcamos para a semana que vem uma reunião com o ministro (Augusto) Nardes, relator daquela representação que eu fiz no Tribunal de Contas da União. Estou marcando para a semana que vem uma reunião de todos os prefeitos da região metropolitana, cujo consórcio eu presido. Vamos continuar fazendo pressão para fazer alguma coisa contra a Enel. A gente não pode aceitar o que eles fizeram com São Paulo e isso passar batido.

Precisamos levantar bem o porquê que o ministro de Minas e Energia fez a indicação do amigo dele para o Conselho de Administração da Enel. Isso é muito sério. Dizer que é coincidência o amiguinho dele, da terra dele, virar presidente do Conselho de Administração é chamar a gente de idiota. E aí você vê o Ministério de Minas e Energia, que é o órgão concedente da concessão, tem um ministro que vai pra Europa tomar café com a Enel, que o presidente do Conselho é o amiguinho dele… Ou seja, eles estão agindo de má-fé com o povo de São Paulo muito possivelmente por um conluio ali entre eles. E a gente não vai aceitar isso, não.

Em todo canto que eu vou, vou falar da incompetência que é esse ministro de Minas e Energia, com um comportamento suspeito, um cara que está desonrando o nosso país, desonrando o povo de São Paulo e que tem sido conivente com essa situação da Enel. Então, tem essa questão de pressão política com relação ao grande responsável pelos problemas de energia na cidade.

A gente reforçou a poda das árvores. Lembrando que não tem uma relação intrínseca entre a falta de energia e a árvore. A gente teve agora situações de falta de energia que não teve relação com a queda de árvore. No começo do ano, o centro de São Paulo ficou sete dias sem energia e não caiu um galho. Estamos com todas as ações de mobilização com relação à limpeza e manutenção dos nossos 56 piscinões. Temos o sistema da nossa previsão de tempo. Tudo o que é necessário fazer, a prefeitura está fazendo, como eu fiz muitas obras, R$ 7,6 bilhões, em canalização de córrego, drenagem, microdrenagem, proteção de encosta. A gente já fez muitas obras que vão minimizar os efeitos das chuvas por conta das mudanças climáticas.

O congelamento da tarifa de ônibus vai ser mantido no ano que vem?

Minha vontade é manter a tarifa. Eu tenho tratado desse tema não só com a análise da planilha de custo, mas dentro do contexto do nível de mobilidade urbana. Nós tínhamos 9 milhões de passageiros em 2019. Hoje temos 7 milhões. Temos um trânsito muito grande na cidade, que não é de agora, e precisamos incentivar o transporte coletivo e desincentivar o transporte individual. Manter a tarifa baixa é importante dentro desse contexto de política pública. Eu quero manter.

O que eu só não posso é ser irresponsável. Se de repente chega em dezembro e tem uma situação do diesel e (os técnicos dizem que) vai ter que tirar dinheiro da saúde (para manter a tarifa congelada), isso eu não vou fazer. Ou tem uma situação aqui do dissídio coletivo e tem que tirar dinheiro da educação. Eu vou continuar sendo prefeito que vai agir sempre com a responsabilidade fiscal e de fazer aquilo que é possível. Se for possível, que é o meu desejo, eu vou fazer. Não vou aumentar a tarifa só para gastar menos em subsídio. Se eu tiver margem para manter, e colocando o subsídio, eu vou colocar.

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