O que os candidatos a prefeito de São Paulo pensam sobre segurança; veja as propostas

Planos de governo dos candidatos à Prefeitura da capital paulista trazem propostas centradas na expansão da Guarda Civil Metropolitana, no uso de câmeras corporais pelos guardas e medidas para enfrentar o problema histórico da cracolândia

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Foto do author Karina Ferreira
Atualização:

A menos de um mês das eleições 2024, o tema segurança pública domina os debates e as sabatinas com os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Segundo a pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quarta-feira, 11, “criminalidade” é o problema mais sério da capital paulista para 70,4% dos entrevistados, que seguem buscando nas propostas dos candidatos possíveis resoluções para a questão.

Segundo o Agenda SP – série de reportagens produzidas pelo Estadão orientadas por questões de grande impacto para a cidade – enfrentar os desafios envolvendo a segurança da cidade passa por fortalecer a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM), encarar o problema histórico das cracolândias espalhadas pelo centro, atuar contra o crime organizado, entre outras medidas.

A seguir, o Estadão reuniu as principais propostas para a saúde que cada um dos seis candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto pretende implementar na cidade de São Paulo, caso seja eleito em outubro.

Guilherme Boulos (PSOL)

Candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL). Foto: Felipe Rau/Estadão

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Deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) propõe soluções para combater a criminalidade na região central da cidade, ao mesmo tempo que planeja uma ação integrada para atuar na cracolândia, envolvendo as secretarias de Segurança Urbana, Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos. Nos bairros da Luz, Campos Elíseos e Santa Efigênia, o candidato quer criar uma inspetoria especial, que atuará com as forças de segurança estaduais, para combater o tráfico de drogas e os ferros-velhos irregulares na região.

Ainda no centro, Boulos planeja recuperar ruas comerciais que hoje seguem fechadas, com incentivos e linhas de créditos facilitadas aos comerciantes. Para a GCM, o candidato diz que dobrará o efetivo e vai colocar os guardas na rua, atuando onde há maior incidência de crimes.

Além disso, o plano também prevê que a Guarda faça policiamento na porta de cada escola municipal, na entrada e saída dos estudantes, e que utilize câmeras corporais, como a Polícia Militar já faz no Estado. Boulos também fala em “valorização salarial e qualificação permanente” dos guardas, sem citar métricas objetivas nem estimativas de custo.

O candidato também planeja enfrentar a receptação de celulares roubados, a partir de um modelo implementado no Piauí, como disse em diversas entrevistas. A estratégia passa por mapear, com ações de inteligência, os comércios que revendem os celulares roubados e furtados, multá-los e, em caso de reincidência, lacrar o estabelecimento. Boulos também planeja ações específicas de combate à violência contra a mulher e contra a população LGBT+.

Datena (PSDB)

Candidato à Prefeitura de São Paulo José Luiz Datena (PSDB). Foto: Werther Santana/Estadão

Famoso pelos programas policiais que apresentou durante grande parte da carreira de comunicador, o apresentador de TV José Luiz Datena (PSDB) promete “atacar a criminalidade com a coragem e a autoridade que ela merece” e avisa ao eleitor que “ninguém nessa disputa eleitoral tem mais condições e experiência para enfrentar a bandidagem” do que ele.

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Para a GCM, Datena pretende aumentar as armas letais, não-letais e a frota, além de treinar e capacitar o efetivo, mas sem citar metas quantitativas, apenas elencando que planeja “ampliar fortemente o efetivo atual”. O candidato também defende o uso de câmeras corporais pela guarda, e proteção no entorno de escolas da rede pública. Para combater a violência contra as mulheres e o feminicídio, o candidato pretende ampliar as Patrulhas Guardiã Maria da Penha, programa criado em 2014.

Outras propostas do candidato para a área passam por aumentar o monitoramento por câmeras com reconhecimento facial pela cidade e atuar em parceria com a PM para coibir os esquemas de receptação de celulares roubados. Ele também propõe parcerias para atuar na região da cracolândia, prometendo “tolerância zero” sobre a questão das drogas.

O candidato também repetiu, em diversas ocasiões, que “não tem medo” de enfrentar o crime organizado na capital, mencionando a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) dentro da política.

Marina Helena (Novo)

Candidata à Prefeitura de São Paulo Marina Helena (Novo). Foto: Werther Santana/Estadão

A economista Marina Helena (Novo) promete enfrentar a sensação de insegurança, que elenca como primeiro item na lista de desafios da cidade, com uma “gestão disruptiva e transformadora”. Em uma página com gráficos e esquemas numéricos, Marina afirma que vai dobrar o número de guardas civis, e investir em tecnologia e inteligência, sem maiores descrições.

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A candidata também propõe ações conjuntas de forças de segurança estadual e municipal, das subprefeituras e secretarias, além dos próprios cidadãos e forças privadas de segurança para atuarem na área, sem explicar qual seria o papel de cada um. Marina também quer proibir o uso do espaço público com barracas, utilizadas pela população em situação de rua como moradia, e promete “tolerância zero” também sobre “pancadões” (festas estilo baile funk), contrabando, e outras “infrações do dia a dia”.

Marina forma chapa com um coronel da reserva, Reynaldo Priell Neto, como vice. O ex-policial militar foi chefe de gabinete e secretário-adjunto na pasta municipal de Segurança Pública.

Pablo Marçal (PRTB)

Candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB). Foto: Werther Santana/Estadão

Diferentemente dos outros candidatos que propõem, no máximo, duplicar o efetivo da GCM, o empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB) promete aumentar três vezes o número de guardas civis. “Triplicaremos o efetivo da guarda de pouco mais de 7 mil guardas para 21 mil e a equiparemos com os melhores armamentos e equipamentos de ponta”, afirma o plano de governo, sem citar os custos da proposta. Também é previsto que os guardas reforcem as rondas nos bairros.

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O ex-coach pretende investir em uma central de operações integrada de dados, para coletar informações de diversas fontes, incluindo órgãos municipais como a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), escolas e postos de saúde, que serão integrados por meio de parcerias com a iniciativa privada e utilizados para o monitoramento da cidade.

Além do “combate à criminalidade”, Marçal diz que é preciso de “ambientes bem cuidados” para aumentar a segurança. Para isso, propõe ações de zeladoria, identificando possíveis problemas de limpeza, iluminação, calçadas e pavimentação por meio de um aplicativo, em que a população e a GCM poderão reportar quando encontrarem algo que precise ser consertado. “Uma cidade limpa, bem iluminada, bem cuidada, em que as pessoas circulem de dia e à noite, coibirá a atuação criminal.”

Para enfrentar o problema da cracolândia, o candidato quer promover a “Jornada da Prosperidade”, que consiste em “transformar os programas sociais em trilhas de desenvolvimento pessoal” para que os indivíduos “conquistem uma vida com dignidade e abundância”. A “trilha” passaria por abordagem e acolhimento, capacitação profissional e geração de renda, não sendo específico para os dependentes químicos, mas como proposta geral de “desenvolvimento social”. Marçal tem como vice de chapa uma policial militar, Antônia de Jesus (PRTB), anunciada em uma espécie de “chá revelação” durante a convenção do partido.

Ricardo Nunes (MDB)

Candidato à reeleição para a Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).  Foto: Werther Santana/Estadão

O atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) promete, assim como outros candidatos, aumentar o efetivo da GCM, mas não estabelece uma meta, afirmando que vai modernizar os equipamentos usado pelos servidores, fornecer treinamento contínuo e “garantir mais guardas na periferia”. Metade da página do plano de governo dedicada para o tema “segurança” é ocupada por ações da atual gestão do prefeito, sobrando a outra metade para propostas a serem implementadas em um possível novo mandato.

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Também mencionando “ampliação e fortalecimento”, o candidato menciona ações em conjunto do governo estadual com a sociedade civil. O atual prefeito também promete que as ações preventivas e protetivas às mulheres, crianças e idosos vítimas de violência serão ampliadas, sem indicar métricas.

O documento do atual prefeito também prevê a expansão do “Smart Sampa”, programa de videomonitoramento por câmeras com tecnologia de biometria. Nas propostas para a área de segurança, Nunes menciona a “incessante” geração de oportunidades para os jovens, como forma de reduzir as desigualdades de acesso.

Sobre a cracolândia, região citada duas vezes no plano de governo, não há planos específicos. Nunes diz que a abordagem multissetorial já adotada pela gestão “reduziu drasticamente o número de usuários e ampliou o acesso às internações voluntárias para dependentes”. Na área destinada a propostas de “esportes e lazer”, o prefeito afirma que “investir em atividades esportivas é o maior programa de combate às drogas que pode existir”.

Nunes escolheu o coronel da reserva e ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) Ricardo de Mello Araújo (PL) como seu vice após indicação feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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Tabata Amaral (PSB)

Candidata à Prefeitura de São Paulo Tabata Amaral (PSB). Foto: Felipe Rau/Estadão

Para a GCM, a deputada federal Tabata Amaral (PSB) propõe expandir gratificações aos guardas que atuam em locais de maior criminalidade, e premiar aqueles que atuam em inspetorias que reduzam crimes. O plano de governo também fala em direcionar 100% dos chamados de perturbação do sossego para a Guarda Civil, apoiando na manutenção da ordem, para que a PM seja liberada para focar nos crimes.

No planejamento de uma possível gestão, Tabata afirma que a Guarda vai ser armada conforme a função que precisa cumprir. No caso do patrulhamento em lugares de alta criminalidade, os agentes serão equipados como os guardas que atuam na Inspetoria de Defesa Ambiental nos arredores das represas, com armamentos “mais pesados”. Já nos arredores de escolas, o equipamento será equivalente aos de guardas que atuam na ronda escolar, “mais leves”.

Tabata também fala em ações de inteligência e integração de dados, em colaboração com o governo estadual, citando, por exemplo, reuniões periódicas entre polícias e subprefeituras, com compartilhamento de estratégias de sucesso – modelo que a candidata diz ser adotado em Nova York. Outra experiência que ela quer importar para a capital paulista é a repressão ao roubo de celulares, utilizada no Piauí, proposta também pelo concorrente Guilherme Boulos.

Sobre a cracolândia, além de ações multissetoriais para enfrentar o problema, a deputada propõe o combate ao crime organizado com inteligência, “atacando a economia” do crime e prendendo consistentemente os criminosos, além de integrar a GCM com o Poder Judiciário para identificas pessoas que estejam descumprindo medidas judiciais. Sobre o tema, Tabata quer criar o “Centro de Justiça Restaurativa”, para “julgar imediatamente os crimes relacionados a drogas que ocorram na região central”.

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