O que Dino, Zanin e Moraes fizeram a Bolsonaro que defesas tentam usar para excluí-los de julgamento

Plenário virtual do STF julga recurso de defesa de Bolsonaro nesta quarta-feira, 19; ex-presidente pede que ministros sejam afastados do caso, em que pode virar réu por tentativa de golpe de Estado

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Foto do author Karina Ferreira
Atualização:

Como parte da estratégia de defesa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para afastar os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino da análise da denúncia contra ele, que pode se tornar réu na próxima semana por tentativa de golpe de Estado em 2022.

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Nesta quarta-feira, 19, o plenário virtual da Corte analisa o pedido, que se baseia em ações passadas que os ministros já tomaram contra Bolsonaro.

Contra Zanin, a defesa de Bolsonaro alega que o ministro foi advogado de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu maior rival político, e quem o indicou para a cadeira da Corte, em 2022. Bolsonaro também alega que Zanin já ajuizou uma ação eleitoral contra a chapa do PL nas eleições de 2023, encabeçada pelo ex-presidente.

Em maio de 2024, Zanin se declarou impedido para julgar o recurso do ex-presidente contra a condenação que o deixou inelegível. A defesa de Bolsonaro alegou que ele também não deve participar do julgamento do plano de golpe porque os casos teriam relação.

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Ministros do STF Flávio Dino, Cristiano Zanin e Alexandre de Moraes. Foto: Wilton Junior/Estadão, Antonio Augusto/STF e Fellipe Sampaio/STF

Contra Dino, ministro também indicado por Lula, os advogados do ex-presidente argumentam que ele protocolou uma queixa-crime contra Bolsonaro ao STF em 2021, enquanto era governador do Maranhão.

Na época, Bolsonaro havia dado declarações à Rádio Jovem Pan afirmando que Dino negou pedido do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para que a Polícia Militar do Maranhão garantisse a segurança do então presidente quando esteve em visita ao estado nordestino.

Já no caso de Moraes, a defesa de Bolsonaro não pediu a suspeição do ministro, tido pelo ex-presidente e por seus apoiadores como o grande “carrasco” do bolsonarismo.

São as defesas de Braga Netto e Mário Fernandes que querem afastar Moraes, assim como Dino. Quanto ao relator, argumenta-se que a manutenção do acordo de colaboração de Mauro Cid evidenciou a “parcialidade” do ministro; sobre Dino, alega-se que o magistrado era ministro da Justiça na época dos fatos narrados na denúncia, e, portanto, não poderia se comprometer com o julgamento.

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Os argumentos das três defesas foram rejeitados por Barroso. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também se manifestou contra a remoção dos ministros, afirmando que os argumentos não dialogam com o Código de Processo Civil (CPC) e com o Código de Processo Penal (CPP).

Com o parecer de Gonet, o STF agora terá que decidir se irá acatar, ou não, o recurso feito por Bolsonaro, questionando a decisão de Barroso. Até o final desta manhã, quatro ministros já registraram seus votos no plenário virtual, além do relator. Todos contrários à suspeição.