O instituto Ipec, que herdou equipe e metodologia do antigo Ibope, divulga a mais nova rodada de sua pesquisa para presidente na noite desta segunda-feira, 12. Para cientistas políticos ouvidos pelo Estadão, a tendência do levantamento de hoje é mostrar uma estabilidade entre os principais adversários: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) - respectivamente, na liderança das pesquisas. Os especialistas ainda afirmam que pode-se esperar uma diminuição da distância porcentual entre os principais oponentes.
Para Eduardo Grin, cientista político e professor da FGV, o estreitamento da diferença porcentual entre Lula e Bolsonaro pode se dar pela oscilação para cima do chefe do Executivo. Esse crescimento dentro da margem de erro, explica Grin, será consequência do “pacote de bondades” oferecido pelo candidato à reeleição. “Teremos uma estabilidade da polarização, mas com um crescimento de Bolsonaro na margem pelos fatores que eram esperados: a melhora da economia, classe média sentindo menos o peso do combustível no seu bolso, efeitos do Bolsa Família nos extratos de baixa renda, efeitos da campanha pesada de Bolsonaro junto com os evangélicos no sentido da demonização do PT e da associação do PT com a corrupção”, disse.
Marco Antônio Carvalho Teixeira, coordenador da pós-graduação em Gestão Pública da FGV e cientista político, afirma que um pequeno afunilamento da diferença entre Lula e Bolsonaro, dentro da margem de erro, é o esperado, mas, caso esse processo se transforme em uma tendência, a campanha do PT deve “acender um sinal de alerta, um amarelo muito forte”. “Por mais que Lula e Bolsonaro oscilem dentro da margem de erro, se isso for ocorrendo de pesquisa para pesquisa, daqui a pouco o resultado numérico está praticamente empatado, o que de certa forma muda o ânimo da campanha e dos dois lados”, explica.
Teixeira enfatiza que uma atenção especial deve ser dada para as intenções de voto levando em consideração os recortes de segmentos - como jovens e religiosos. “Se o Bolsonaro consegue furar a bolha nesses públicos, isso pode ser um objeto de preocupação ainda maior para a campanha petista”, disse.
O cientista político e consultor da Fundação Espaço Democrático, Rubens Figueiredo, defende que a possível oscilação positiva de Bolsonaro pode ser consequência da ação “vistosa” no 7 de Setembro. “Cerca de 70% dos eleitores estão votando espontaneamente ou em Bolsonaro ou em Lula. O fato da rejeição dos dois primeiros colocados também ser alta é muito provável que as oscilações sejam bem discretas e deve aumentar a certeza de que vai haver segundo turno”, disse.
Agregador de Pesquisas do Estadão
Nesse ponto da corrida eleitoral, as intenções de voto de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) acendem um alerta para Lula e Bolsonaro, uma vez que, com grande parte do eleitorado já certo do voto, a porcentagem dos indecisos reduz e, para o petista ganhar no primeiro turno, ele precisará conquistar os eleitores de Ciro e Tebet.
“A estabilidade do crescimento de Ciro e Tebet é uma variável importante porque a possibilidade de vitória no primeiro turno está diretamente vinculada com os votos desses dois candidatos, uma vez que temos hoje um porcentual de indecisos muito pequeno. A maioria do eleitorado já tem seus votos decididos e esses, naturalmente, são aqueles que apoiam o Lula ou Bolsonaro, restando entre os eleitores de Ciro e Tebet aqueles que mais têm a possibilidade de mudar de voto para os principais oponentes”, disse Grin.
Na última pesquisa Ipec, divulgada no dia 5 de agosto, o ex-presidente Lula tinha 44% das intenções de voto, mesmo índice de 29 de agosto. O presidente Bolsonaro estava com 31%, um ponto para baixo ante pesquisa anterior. Na sequência, apareceram Ciro com 8% e Tebet com 4%.
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