A eleição em São Paulo chega na reta final com as principais pesquisas mostrando que a disputa está acirrada, mas apontando cenários diferentes em relação aos três candidatos que ocupam o pelotão de frente: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e Pablo Marçal (PRTB). Diante desse quadro, o Estadão conversou com três cientistas políticos para saber o que eles projetam que pode ocorrer na última semana antes do primeiro turno.
A mais recente pesquisa Datafolha, de quinta-feira, 26, coloca Nunes, com 27%, no segundo turno, enquanto Boulos (25%) e Marçal (21%) disputam a outra vaga. Eles estão empatados no limite da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa Quaest publicada na terça-feira, 24, contudo, aponta que os três candidatos estão empatados tecnicamente na margem de erro de três pontos porcentuais. O prefeito tem 25%, o candidato do PSOL, 23%, e o ex-coach, 20%.
A AtlasIntel indica um terceiro cenário. A pesquisa tem Boulos na liderança isolada com 28,3% das intenções de voto e Nunes e Marçal empatados com 20,9%. A margem de erro do levantamento, publicado na segunda-feira, 23, é de 2 p.p.
AtlasIntel, Quaest e Real Time Big Data divulgam novos levantamentos nesta segunda-feira, 30. A próxima pesquisa Datafolha será divulgada na quinta-feira, 3, e o ciclo se encerra com uma nova rodada da Quaest no sábado, 5, véspera da eleição. O calendário completo de pesquisas pode ser conferido neste link.
Eduardo Grin, cientista político da FGV, projeta que as pesquisas devem mostrar uma consolidação de que o segundo turno será entre Boulos e Nunes. Ele aponta que desde a eleição de 2000 – a exceção foi 2016, quando João Doria ganhou no primeiro turno – a esquerda esteve no segundo turno e seria surpreendente se dois candidatos alinhados ao bolsonarismo, Nunes e Marçal, avançassem juntos.
Apesar do diagnóstico, o especialista especula se as pesquisas conseguirão medir de forma mais precisa a existência do “voto envergonhado” no candidato do PRTB. “Marçal se mostra muito resiliente, apesar de todos os episódios que a gente assumiria que poderia reduzir as intenções de voto dele. Esse voto envergonhado talvez possa ser capturado melhor [pelas pesquisas]. São Paulo já teve eleições onde já tivemos surpresas, como a Erundina em 1989″, disse Grin.
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Rodrigo Prando, cientista político do Mackenzie, projeta que não deve haver mudanças no cenário, a menos que aconteça algo “extraordinário” nos dias que antecedem a votação. “A tendência é que as posições se mantenham como nas últimas rodadas. Nunes, Boulos e Marçal. Há, no caso, indicativo de um segundo turno entre Nunes e Boulos, mas não seria impossível Marçal chegar ao segundo turno, já que alguns institutos apontam um empate triplo”, afirmou.
“A eleição está muito indefinida, bem mais do que as pessoas acham”, avaliou Pedro Paulo de Assis, pós-doutorando no Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP). Ele chama atenção para um ponto que foi importante na eleição em 2022, mas que as pesquisas são ruins em medir: a taxa de abstenção. “Mesmo quem não vai votar, quando é perguntado, por exemplo, responde alguma coisa”, explicou.
Se a abstenção for elevada, ele projeta que Boulos e Marçal podem ser os mais prejudicados. “Normalmente, a abstenção está ligado a um eleitorado mais desfavorecido socioeconomicamente e os candidatos que mais sofrem são aqueles que têm voto nesse estrato”, disse.
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