Entenda o que motivou a operação da PF contra empresários apoiadores de Bolsonaro

Mensagens vazadas de um grupo de WhatsApp mostram que empresários teriam defendido um golpe de Estado para manter o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Planalto caso ele perca a disputa à reeleição

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta terça-feira, 23, para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados a oito empresários bolsonaristas que fazem parte de um grupo de WhatsApp cuja troca de mensagens vazadas mostram conversas sobre um possível golpe de Estado para manter o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Planalto caso o ex-presidente o Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições de 2022. Segundo apuração do Estadão, a operação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira, 19.

O grupo em questão se chama “Empresários e Política” e sua existência foi revelada pelo portal Metrópoles na última quarta-feira, 17. Segundo o colunista Guilherme Amado, o empresário José Koury, dono do Barra World Shopping, teria dito preferir “um milhão de vezes” um golpe que a volta do PT, alegando que isso não afastaria investimentos do Brasil. “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”, diz a mensagem de Koury.

O presidente Jair Bolsonaro durante a inauguração da Ponte do Abunã, que liga o Acre a Rondônia, em maio de 2021 ao lado de Luciano Hang, dono da Havan. Foto: Anderson Riedel/PR

PUBLICIDADE

Além de Koury, outros empresários se pronunciaram no grupo, dentre eles: Luciano Hang, fundador da rede varejista Havan; Afrânio Barreira, fundador da rede de restaurantes cearense Coco Bambu; Meyer Nigri, fundador da empresa do setor imobiliário Tecnisa; José Isaac Peres da gigante dos shoppings Multiplan; Marco Aurélio Raymundo, dono da marca de surfwear Mormaii; André Tissot, presidente do Grupo Sierra; Ivan Wrobel, dono da construtora de imóveis W3 Engenharia; Vitor Odisio, CEO da Thavi Construction; e Carlos Molina, fundador e sócio-diretor da empresa Polaris. Em comum, vários desses empresários têm o apoio de longa data a Bolsonaro e também a defesa de medicamentos sem eficácia comprovada para a covid-19, durante o período mais agudo da pandemia.

Entre todos os citados, não foram incluídos nas buscas da PF apenas Odisio e Molina.

Publicidade

Um dia após a revelação das mensagens do grupo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e outros parlamentares da oposição acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir a quebra de sigilo do grupo de empresários bolsonaristas. O parlamentar defendeu que os autores das mensagens sejam presos “se necessário”. “A democracia não pode tolerar a convivência com quem quer sabotá-la”, argumentou.

Na mesma quinta-feira, 18, em viagem a São José dos Campos em agenda de campanha, o presidente Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre o ocorrido e afirmou que a existência do grupo é uma notícia falsa. “Que empresários? Qual é o nome deles? Qual jornalista (divulgou isso?) Toda semana quase vocês demitem um ministro meu citando fontes palacianas”, disse.