Oposição acusa assessora de Anielle Franco de discriminação racial e pede investigação ao MP

Marcelle Decothé da Silva é assessora especial de assuntos estratégicos e publicou nas redes sociais uma foto da torcida são-paulina, chamando-a de ‘branca’ e ‘safade’, durante agenda oficial no último domingo, 24

PUBLICIDADE

Foto do author Isabella Alonso Panho
Atualização:

Os deputados federais Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Kim Kataguiri (União Brasil-SP) acionaram o Ministério Público e a Polícia Civil de São Paulo pedindo que Marcelle Decothé da Silva seja investigada por discriminação racial. Ela é assessora especial de assuntos estratégicos da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e chamou a torcida do São Paulo Futebol Clube de “branca” e “safade” em publicação nas redes sociais no último domingo, 24.

“Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade... pior de tudo pauliste”, escreveu a assessora nas suas redes sociais, usando os adjetivos em linguagem neutra. As declarações revoltaram a torcida Independente do clube, que pediu a demissão de Decothé. Nesta terça, 26, a ministra ligou para os presidentes da entidade e do time de futebol pedindo desculpas pelo episódio.

Assessora de Anielle Franco publicou nas suas redes sociais imagem da torcida do São Paulo, chamando-a de 'branca' Foto: Reprodução/Twitter/@amandavetorazz

PUBLICIDADE

A representação feita por Kataguiri é assinada também por Amanda Vetorazzo, líder do Movimento Brasil Livre (MBL) de São Paulo. O documento é direcionado a uma das promotorias criminais de São Paulo e pede a abertura de “ação penal ou, no mínimo, inquérito penal”, acusando Decothé do crime de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. A pena é de um a três anos de reclusão.

Bilynskyj apresentou duas representações, uma ao MP e outra à Polícia Civil paulista, acusando a assessora da prática do mesmo crime, com a agravante do uso das redes sociais. Se as autoridades tiverem o mesmo entendimento, a pena sobe para de dois a cinco anos.

Publicidade

Anielle Franco assinou um protocolo de ações antirracistas com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) Foto: Reprodução/Instagram/@aniellefranco

A ministra Anielle Franco usou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir à final da Copa do Brasil no Estádio do Morumbi, em São Paulo, no domingo. Ela assinou um protocolo de ações antirracistas com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Anielle Franco foi criticada por fazer uso da aeronave, que deve ser usada para deslocamentos relacionados ao trabalho.

Nas redes sociais, a ministra se defendeu, afirmando que as críticas são atos de “violência política de gênero e raça” e “tentativa de implodir” seu trabalho à frente da pasta. “Não são ataques a este ministério ou a mim, mas ao povo brasileiro”, escreveu a ministra. Até o momento, ela não se manifestou sobre a conduta de Decothé.

Essa não foi a única publicação feita por assessoras da pasta que repercutiu mal. Luna Costa, que trabalha na comunicação do ministério, publicou duas imagens de Decothé: em uma delas, a assessora abre uma camisa do Flamengo dentro da torcida do São Paulo e em outra, aparece correndo com uma pasta com o timbre do governo federal. Dentro dela estaria o protocolo que Anielle Franco assinou com a CBF.

Assessoras de Anielle Franco provocam torcida do São Paulo e posam com documento do governo Foto: Instagram/Reprodução

“Realidade = derrota do Flamengo + saindo andando com o protocolo de intenções do Gov Federal na mão + tentando achar transporte + gás lacrimogêneo + olho e boca ardendo”, escreveu Luna Costa.

Publicidade

Assessoras de Anielle Franco debocham da CBF em voo da FAB Foto: Instagram/Reprodução

Decothé publicou imagens de Costa usando camiseta da CBF e ironizando a instituição. “30 segundos de diálogo com a CBF, já viraram patriotas. Prontas pro cancelamento”, escreveu em uma foto na qual aparece também Rithyele Dantas, chefe da assessoria de comunicação da pasta da Igualdade Racial.

O Estadão procurou o ministério, mas não obteve retorno. Marcelle Decothé da Silva também foi procurada, mas não retornou à reportagem.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.