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Oposição faz nova ofensiva contra governo e aprova convite de 8 ministros para falar na Câmara

Requerimentos foram aprovados na Comissão de Fiscalização e Controle, presidida pela deputada Bia Kicis, aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro

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Foto do author Levy Teles
Atualização:

BRASÍLIA — A oposição mantém a ofensiva contra o governo nas comissões da Câmara e convidou oito ministros, todos para falarem na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), presidida pela deputada Bia Kicis (PL-DF) apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram chamados Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil), Camilo Santana (Educação), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Jader Filho (Cidades), Paulo Pimenta (Comunicação Social, Carlos Fávaro (Agricultura) e Fernando Haddad (Fazenda).

Algum dos pedidos pressionam a conduta da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rui foi chamado para esclarecer a compra de 11 móveis para a Presidência com dispensa de licitação por R$ 379 mil. Haddad falará sobre o registro das contas públicas nos últimos 26 anos, Waldez e Jader explicarão o novo marco legal do saneamento.

Deputada Bia Kicis (PL-DF) é presidente da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara Foto: Cleia Viana / Agência Câmara

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Algumas outras justificativas para o chamamento dos chefes de pastas tocam em assuntos caros ao bolsonarismo. Dino — pela terceira vez convidado por algum colegiado — foi chamado para falar do motivo da retirada dos carros blindados para Bolsonaro quatro dias antes do retorno ao Brasil. Ele ainda receberá um quarto convite para ser ouvido novamente pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, interrompida por brigas e xingamentos trocados entre parlamentares. Camilo — no que será sua segunda visita à Casa — falará sobre uma portaria no Instituto Federal do Espírito Santo que fala sobre questões de gênero e escolas cívico-militares, tema já discutido em sua primeira ida.

Os governistas tentaram rebater com um convite ao advogado Rodrigo Tacla Duran, pivô de acusações que podem colocar o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ambos que atuaram na Operação Lava Jato, na mira da Polícia Federal, e o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, para explicar o vencimento de 39 milhões de vacinas contra a covid-19.

O requerimento de Queiroga foi aprovado enquanto o de Tacla Duran foi reprovado e rendeu uma discussão entre o próprio Dallagnol e deputados petistas.

Como mostrou o Estadão, a oposição mobiliza a estratégia para pressionar e emparedar integrantes do primeiro escalão do governo. Apenas nesta semana, sete ministros devem comparecer à Câmara, indicando uma desarticulação política do Palácio do Planalto. O recurso da CFFC não é novidade ao governo. Na segunda semana de março, há quase um mês, o deputado André Fernandes (PL-CE), autor do requerimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro, brincou com a manobra no fim da eleição que deu a presidência do colegiado para Bia Kicis. “Partiu fazer requerimento para trazer ministro, bora”, disse., gargalhando. O líder da federação petista, Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou àquela data que fez pressão para deputados novatos marcassem presença nas sessões da CFFC.