Marçal diz que ‘2026 é daqui a algumas semanas’ e apoiadores rezam e choram na Paulista após derrota

Candidato do PRTB desconversou sobre apoio no segundo turno, mas declarou esperar que Nunes incorpore parte de suas propostas no plano de governo

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Foto do author Pedro Augusto Figueiredo
Foto do author Pedro Lima
Atualização:

Derrotado na eleição para a Prefeitura de São Paulo, o candidato Pablo Marçal (PRTB) finalizou entrevista coletiva à imprensa dizendo que “2026 é daqui a algumas semanas”, indicando que pretende disputar a próxima eleição. Mais cedo, o presidente do PRTB, Leonardo Avalanche (PRTB), disse que a sigla “fará de tudo” para o ex-coach ser candidato à Presidência da República e disse que ele se tornou “novo expoente da política brasileira” com o resultado em São Paulo.

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Marçal disse que o terceiro lugar foi “resultado extraordinário”, já que não tinha tempo de propaganda eleitoral nem dinheiro público, mas afirmou que não disputará mais a Prefeitura de São Paulo nem cargos para o Legislativo. “Então só tem dois caminhos: o governo do Estado ou a Presidência do Brasil”, disse.

Ele não confirmou se o governo estadual seria o de São Paulo e repetiu que que, hoje, ninguém toma a eleição presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Depois, chamou o petista de “senil” e acrescentou que ele pode ter o mesmo fim de Joe Biden nos EUA.

Pablo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, em entrevista coletiva em frente à sua casa após apuração dos votos do primeiro turno da eleição municipal Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Marçal ficou em terceiro, com 28,14% dos votos e não foi para o segundo turno porque Guilherme Boulos (PSOL) teve 29,07%, o equivalente a 56.853 votos a mais. Nunes ficou em primeiro com 29,48%, uma vantagem de 81.865 em relação ao ex-coach

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Marçal parabenizou Nunes e Boulos pelo resultado, disse que enviou uma mensagem ao prefeito, mas não tentou contato com o psolista. “O Boulos para mim é um marginal”, declarou.

Questionado se apoiará o prefeito, o candidato do PRTB respondeu que isto depende de Nunes incorporar parte de suas propostas, como transformar unidades de ensino em escolas olímpicas e ensinar educação financeira para os alunos. “Está nítido que ele pegou muito pesado e foi muito injusto comigo. Eu entendo que é coisa de marqueteiro isso. Eu não sou homem de carregar mágoa, raiva”, afirmou.

Ele também parabenizou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o chamou de “Lázaro” por “ressuscitar” Ricardo Nunes. Quanto a Bolsonaro, que criticou a atitude de Marçal de atribuir laudo médico falso a Boulos, Marçal respondeu que eles nunca foram aliados e que o conservadorismo brasileiro é maior do que ambos. “Ele quer me colocar no rol daquelas pessoas que ele ajudou e que viraram as costas, mas o Bolsonaro nunca me ajudou”, disse.

Após derrota, caminhonete era um dos poucos veículos em frente à casa de Marçal que ainda exibiam material de campanha Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O influenciador evitou cravar que a divulgação do documento que dizia que o candidato do PSOL era usuário de cocaína foi um erro. Ele disse que vai “meditar” sobre sua campanha e depois gravar vídeos sobre o que eventualmente tenha feito de errado. “Eu, Pablo Marçal, jamais postaria sabendo que é um laudo falso”, disse.

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Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, avaliou que a atitude afastou eleitores indecisos que fizeram falta ao final. “Eu acho que quem o orientou a fazer isso cometeu um grande erro”, disse. “O resultado das urnas mostra que atrapalhou um pouco, atrapalhou sim. Eu não fiquei sabendo (que o laudo seria divulgado). Como ele mesmo falou, foi o advogado pessoal dele (Tássio Renam) que orientou. Ele seguiu essa orientação e, de fato, depois, na verificação, pudemos ver que o laudo não tinha nexo”, acrescentou o dirigente partidário, que é um dos integrantes do PRTB suspeitos de terem ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

Marçal vai rodar o Brasil para apoiar candidaturas contra o PT e ‘comunismo’

O influenciador comemorou que candidatos que ele gravou vídeos em Goiânia e em Curitiba cresceram na reta final e foram para o segundo turno e declarou que ele rodará o país apoiando quem estiver concorrendo petistas e comunistas no segundo turno.

Eu prometo ser combativo na política brasileira nos próximos 12 anos. Esse é o tempo que eu decidi, no meu coração, em servir à política. Sou alguém que não depende disso, mas para o futuro que eu espero do Brasil, eu preciso entrar nisso para que a gente possa mudar a mentalidade das pessoas”, afirmou.

Ele também agradeceu às pessoas que, segundo ele, doaram um total de R$ 7 milhões para sua campanha. “A maior parte dos doadores vieram de outras cidades. O brasileiro acredita no que eu carrego. E eu não vou desistir disso nunca”, disse.

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Apoiadores de Marçal rezam e choram depois do resultado das eleições Foto: Fábio Vieira/Estadão

Integrantes do núcleo mais próximo do influenciador, que ao longo da campanha utilizaram o Instagram para mostrar bastidores, silenciaram nas redes sociais após a derrota. As últimas publicações são do fim da tarde, quando a apuração ainda estava nas fases iniciais. A exceção foi Filipe Sabará, coordenador de campanha, que se manifestou por volta das 22h.

“O grande vencedor desta eleição chama-se Pablo Marçal que não se curvou para o sistema. Foi uma enorme honra ter caminhado ao lado deste grande guerreiro. Que Deus abençoe e continue iluminando os seus caminhos”, escreveu ele.

O sentimento destoou daquele exibido pelos eleitores mais engajados. O grupo que estava na Avenida Paulista, para onde Marçal iria para comemorar o resultado com direito a trio elétrico, foi aos prantos diante da derrota e rezou para o candidato do PRTB.

Cenas semelhantes foram vistas no centro de convenções. Enquanto aguardavam Marçal, os convidados improvisaram um culto religioso e oraram pela vitória do ex-coach enquanto a apuração ocorria. Eles deixaram o local antes mesmo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmar que matematicamente o candidato do PRTB estava fora do segundo turno.

“Senhor, nós cremos que o Senhor tem planos de paz, de bênção, de prosperidade, para São Paulo. Por isso nos cremos que o Senhor escolheu o Pablo para estar à frente, governando e liderando essa cidade”, dizia o coro que repetia as palavras de um orador ao microfone. Os jornalistas não tiveram acesso à área, mas a oração ecoava na sala destinada à imprensa.

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