BRASÍLIA - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria pedir desculpas pela comparação feita entre o ataque das forças militares de Israel à Faixa de Gaza com o Holocausto. Pacheco considerou as declarações do petista como “impróprias”.
“É fundamental que haja uma retratação e um esclarecimento com um pedido de desculpas em relação a uma parte da fala que estabelece essa premissa equivocada, pois o foco das lideranças mundiais deve estar na resolução do conflito entre Israel e Palestina, disse Pacheco.
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As declarações de Lula levaram a bancada de oposição ao governo na Câmara a apresentar um pedido de impeachment. O pedido já tem adesão de mais de 120 parlamentares.
Para o presidente do Senado, a Casa não pode compactuar ou se calar diante da fala de Lula. “Não há, definitivamente, base de comparação da realidade atual com isso que viveu o povo judeu, que foi, seguramente, das maiores atrocidades da humanidade”, disse.
Pacheco afirmou que, ainda que as ações do governo de Israel na Palestina venham a ser consideradas desproporcionais, excessivas e violentas, a comparação feita por Lula não é correta. “Estamos certos de que uma fala inapropriada e equivocada não representa - e aqui digo eu - o verdadeiro propósito do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que é um líder global conhecido por estabelecer ou buscar estabelecer diálogos e pontes entre as nações, motivo pelo qual, em especial por essa confiança que este presidente tem no perfil conciliador do presidente Lula, uma fala dessa natureza deve render uma retratação”, afirmou Pacheco.
Após fazer um discurso lido em que repudiou a fala de Lula, Pacheco foi questionado por seu correligionário, o senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre o posicionamento. Aziz pediu para Pacheco definir como ele se referiria à morte de civis na Faixa de Gaza por causa dos ataques das forças israelenses e disse que o presidente do Senado estaria fazendo uma “reprimenda” a Lula.
Pacheco respondeu que não se tratava de uma “reprimenda”, mas que a comparação foi “indevida” e “imprópria”.
“Não há de minha parte nenhum tom de polemização, tampouco de reprimenda ao presidente da República. É apenas uma conclamação na busca de pacificação e de reconhecimento da parte em que a comparação de qualquer acontecimento dessa natureza com o holocausto é algo absolutamente indevido e impróprio e que mereceria um pedido de retratação e desculpas”, disse Pacheco.
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