BRASÍLIA – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), definiu os dois ministérios para os quais aceitaria ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva: o da Justiça e Segurança Pública e o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O senador indicou, ainda, que não deseja que sua indicação seja na cota do PSD (de modo a excluir um dos atuais ministros da sigla), apurou o Estadão/Broadcast Político.
As duas pastas são ocupadas por aliados de primeira hora do presidente da República. Ricardo Lewandowski é o atual ministro da Justiça. Assumiu em fevereiro de 2024, após a saída de Flávio Dino da pasta. Geraldo Alckmin acumula o cargo de vice-presidente da República e de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Nenhum deles deu sinais, até o momento, de que deve deixar o posto.
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A decisão de que aceitaria essas duas pastas é um indicativo claro de que o presidente do Senado está disposto a entrar de vez no governo Lula. Até o ano passado, Pacheco indicava que gostaria de ter alguns meses de descanso após deixar a presidência do Senado, em fevereiro deste ano. Agora, já pensa, inclusive, quais ministérios aceitaria – e quais não.
O Ministério de Minas e Energia, por exemplo, é um dos que o presidente do Senado indicou a alguns aliados que não gostaria. O principal motivo, apurou o Estadão/Broadcast Político, é que ele não gostaria de passar a mensagem de que estaria passando para trás Alexandre Silveira, ex-senador indicado ao cargo pelo próprio Pacheco.
O presidente do Senado dá muito valor à simbologia de seus gestos públicos e tenta evitar ao máximo vincular sua imagem à de um político truculento – tanto que boa parte das negociações sobre repasse de emendas e cargos, por exemplo, foi feita pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) durante seu mandato.
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Outra pasta que Pacheco indicou a aliados que não aceitaria é o Ministério de Ciência e Tecnologia. Segundo interlocutores ouvidos pela reportagem, o presidente do Senado não tem familiaridade com o assunto e não teria interesse no cargo, mesmo tendo um orçamento de mais de R$ 13 bilhões previstos para este ano.
A pasta é atualmente chefiada por Luciana Santos. Porém, o entorno de Lula avalia que o ministério é muito grande para o PCdoB, partido da ministra, que tem apenas oito deputados. Mesmo que Pacheco não aceite a pasta, Luciana deve ser atingida na reforma ministerial. A expectativa é de que ela assuma o Ministério da Pesca ou das Mulheres.
O cargo em que Pacheco será acomodado no governo é um dos pontos centrais da reforma ministerial que o presidente deve fazer nas próximas semanas. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, 30, por exemplo, Lula disse que não poderia dar detalhes sobre a negociação com o senador, mas reforçou o desejo de que ele seja candidato ao governo de Minas Gerais.
“Não posso dizer quem vai ser. Se eu pudesse falar, falaria. O que quero é que Pacheco seja governador de Minas Gerais”, afirmou.
Nos últimos dois anos, Pacheco foi visto pelo governo como um parlamentar que barrou um posicionamento da oposição no Congresso e deu auxílio para o governo em diversos momentos. A possível indicação de Pacheco a uma pasta não corresponderia a uma indicação do PSD, mas a uma escolha de Lula.