PUBLICIDADE

Pacheco recebe Lula e diz que quem vencer as eleições será empossado

Presidente do Senado garante que não há risco de ruptura institucional durante almoço em residência oficial

PUBLICIDADE

Foto do author Lauriberto Pompeu
Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

BRASÍLIA - Em conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT ao Palácio do Planalto, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse nesta quarta-feira, 13, que o vencedor das eleições será empossado no dia 1.° de janeiro de 2023, em sessão do Congresso Nacional. Pacheco garantiu não haver risco de ruptura institucional e destacou que, no comando do Congresso, não aceitará qualquer tentativa de tumultuar a posse de quem for eleito. A afirmação foi feita após Lula dizer que busca o apoio das “forças democráticas” do País para vencer as eleições ainda no primeiro turno e evitar “o pior”.

PUBLICIDADE

O presidente do Senado recebeu Lula, o pré-candidato a vice na chapa, Geraldo Alckmin, e 13 senadores de partidos aliados para um almoço na residência oficial. Uma parte da conversa girou sobre a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro tentar dar um golpe, caso não seja reeleito para um segundo mandato.

Bolsonaro tem lançado suspeitas sobre as urnas eletrônicas, sem apresentar provas, e mais de uma vez chegou a dizer que pode não reconhecer o resultado das eleições. No encontro desta quarta-feira com Pacheco e senadores, Lula disse que espera o apoio do MDB, do PSDB, do União Brasil e do PSD para derrotar Bolsonaro ainda na primeira etapa da disputa. Seu argumento é o de que, caso a eleição vá para o segundo turno, as ameaças de ruptura feitas por Bolsonaro podem ficar cada vez mais fortes. O petista intensificou as articulações políticas com o objetivo de atrair a terceira via para o que chama de “mutirão” em defesa da democracia.

A avaliação é que esses partidos não conseguiram construir candidaturas presidenciais viáveis e que é possível um acordo para que diretórios estaduais fiquem livres para estar com Lula. Mesmo em Estados onde o PT vai concorrer nas eleições para governador contra as legendas da terceira via, o ex-presidente tem evitado fazer críticas aos políticos dessas siglas. Um exemplo é o do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União), que lidera as pesquisas de intenção de voto para o governo da Bahia e tem sido poupado das críticas de Lula.

“O ex-presidente (Lula) foi muito enfático ao dizer que Bolsonaro, no momento em que sente que dificilmente conseguirá vencer pelo voto, caminha em busca de pretextos para justificar uma ruptura institucional. Saímos tranquilos de que o Congresso será ponto de resistência a isso”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

O ex-presidente Lula se encontra com o presidente do Senado, senador Rodrigo Pacheco  Foto: Wilton Junior/Estadão

A reunião durou duas horas e meia e serviu para Pacheco conhecer pessoalmente Lula. Embora todos os convidados tenham dito que não se tratou ali das eleições no Congresso, marcadas para fevereiro de 2023, sabe-se que Pacheco quer disputar novo mandato ao comando do Senado.

Nos bastidores, ele avalia que Lula tem mais chances de vencer a disputa com Bolsonaro e espera o apoio do PT para ser reconduzido ao cargo. “Foi uma conversa institucional e muito republicana. Pacheco e Lula se conheceram, trocaram ideias”, disse o senador Jean Paul Prates (PT-RN).

Publicidade

Durante o almoço, Lula afirmou que o Congresso precisa se posicionar com mais veemência contra a retórica golpista de Bolsonaro e defender eleições pacíficas. No último sábado, o policial penal Jorge Guaranho matou a tiros o guarda municipal Marcelo de Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, quando ele comemorava seu aniversário em uma festa com decoração alusiva ao partido. “Aqui é Bolsonaro”, gritou Guaranho, antes do crime.

“O tema central desse encontro foi a democracia”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “O Senado atuará na garantia de que eleitos serão empossados. A tarefa maior de Pacheco é garantir a posse dos eleitos”.

Ainda assim, o encontro teve um pano de fundo eleitoral. O PSD de Pacheco caminha para apoiar Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro. Além disso, em Minas, reduto eleitoral do presidente do Senado, o partido já está aliado com o PT. O presidente do PSD, Gilberto Kassab, que não estava presente, tem dito que a prioridade do partido será manter Pacheco no comando do Senado. Kassab tem um canal de diálogo constante com Lula e já foi considerado como possível vice do petista nesta eleição antes de ser fechado o acordo por Alckmin.

O senador Alexandre Silveira (PSD-MG) destacou que Pacheco tem feito um contraponto à retórica de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas. A avaliação de aliados de Lula é a de que o presidente do Senado, mesmo que não declare apoio ao petista no primeiro turno, terá importante papel de mediador de diálogo com as instituições. Participaram do encontro, ainda, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o coordenador do programa de governo de Lula, Aloizio Mercadante. Senadores de outros partidos, como Veneziano Vital do Rego (MDB-PB), Nilda Gondim (MDB-PB) e Dario Berger (PSB-SC), também marcaram presença.

Sem provocação

Mais cedo, também em Brasília, Lula se encontrou com deputados e senadores. “Estive hoje com parlamentares de todo o Brasil, conversando sobre a reconstrução do nosso país. Precisamos de representantes que defendam os direitos do povo no Congresso”, escreveu ele no Twitter.

No discurso, Lula repetiu aos parlamentares a recomendação para que não aceitem provocações de adversários políticos. Disse também que a prioridade é fazer o possível para evitar violência.

Ao falar sobre os projetos no Congresso, o ex-presidente afirmou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) feita para ampliar uma série de benefícios sociais é ruim e eleitoreira e manifestou preocupação com o orçamento secreto. O esquema criado pelo governo Bolsonaro para distribuir recursos de emendas parlamentares a deputados, em troca de apoio no Congresso, foi revelado pelo Estadão.

Publicidade

Além de deputados de partidos que já apoiam Lula, parlamentares do Centrão, como Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e Neri Geller (Progressistas-MT), também conversaram com o ex-presidente. Os dois são de partidos que estarão formalmente na coligação presidencial de Bolsonaro. Integrante do MDB, partido que lançou a senadora Simone Tebet na disputa ao Planalto, o deputado Fábio Ramalho (MG) também compareceu.

Ao sair da reunião, Geller afirmou que vai tentar abrir espaço no agronegócio para Lula. “”Não estou falando que a gente vai trazer muita gente (do agro), mas a gente vai fazer um contraponto”, declarou.

Em altaPolítica
Loading...Loading...
Loading...Loading...
Loading...Loading...

O deputado já foi ministro da Agricultura da ex-presidente Dilma Rousseff e é pré-candidato ao Senado. De acordo com ele, a escolha de Alckmin como vice deve ajudar a quebrar resistência no agronegócio a Lula. Geller afirmou que o Mato Grosso tem “um carinho muito grande” por Alckmin e que o agronegócio do Estado está muito conectado com São Paulo.

Integrante do Progressistas, partido do Centrão, Geller também enumerou alguns representantes ruralistas que têm canal aberto com Lula, como o ex-senador Blairo Maggi (Progressistas-MT) e os empresários Gilson Pinesso e Carlos Ernesto Augustin, irmão de Arno Augustin, ex-secretário do Tesouro no governo Dilma.

“O Blairo está fora da política, mas é do nosso time, do nosso grupo, a gente conversa muito. Blairo, Carlos Ernesto Augustin, Gilson Pinesso são pessoas que organizaram o setor agrícola lá no Estado. Esse time inteiro está alinhado”, disse Geller.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.