BRASÍLIA - O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), viajou num voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para participar de um evento empresarial promovido pelo grupo Esfera, no qual vai palestrar no mesmo painel que o empresário Wesley Batista, dono da JBS. O senador ainda deu carona ao colega e antecessor no cargo de presidente, Davi Alcolumbre (União Brasil), que palestrará em evento promovido pelo Lide, em Londres.
As viagens realizadas pela FAB custam mais caro ao erário do que os voos convencionais feitos por companhias aéreas. O voo com os dois senadores decolou de Brasília na noite da última quarta-feira, 9. Em nota, o presidente do Senado afirmou que a estada em Roma “cumpre agenda oficial no Senado italiano para a troca de iniciativas comuns entre as Casas legislativas”.
“O senador se reuniu com o presidente do Senado italiano, Ignazio La Russa, com o senador Pier Casini, e com o deputado Fabio Porta. Os encontros foram ainda uma retribuição às visitas recentes de autoridades italianas alusivas aos 150 anos da imigração italiana no Brasil, celebrados neste ano. O presidente do Senado brasileiro também participa de seminário para discutir projetos do Legislativo voltados ao desenvolvimento do país”, disse Pacheco em nota.
Pacheco falou no painel sobre “sinergia para o futuro” que, além de Batista, contou com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e o empresário Rubens Menin, dono da MRV. O presidente do Senado afirmou que a reforma tributária é uma das mais complexas realizadas pelo Congresso e que é preciso harmonia entre os poderes.
“Nós precisamos estabelecer o que é o cerne da solução de um problema de todo o País, que é a relação civilizada, harmônica, entre os Poderes, que são capazes dar rumo à nossa nação. É isso que estamos fazendo hoje”, afirmou.
O evento em Roma é patrocinado pela JBS, de Batista, pela Ambipar Group, pelo Banco Master, pela Cedro Mineração, pela TotalPass e pela OconClínicasCO. Também participam do II Fórum Internacional da Esfera o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal doutor Luizinho (PP-RJ).
A representação do Poder Judiciário no evento ficou por conta do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e do ministro Dias Toffoli. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também é mencionado no folder de divulgação. A PGR não se manifestou sobre os gastos para a ida do chefe da instituição. O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, também esteve em Roma. A corporação afirmou em nota à reportagem “os organizadores do evento custearam as passagens, em voo comercial, e a hospedagem do Diretor-Geral”. “O afastamento do país foi autorizado com ônus de meia diária, referente à alimentação, conforme previsto na legislação”, completou.
Ao Estadão, a diretora de programas da Transparência Brasil, Marina Atoji, explicou que a justificativa de Pacheco seria plausível se o compromisso em Roma estivesse na agenda da presidência do Senado. O evento, porém, não está na lista dos eventos oficiais do mineiro.
“Nesses casos de transporte de autoridades para o exterior (exceto o presidente da República, por razões óbvias), há uma violação do princípio da economicidade. Se há alternativa equivalente, ou melhor, que gera menos custos ao erário, como é o caso, ela deveria ser adotada”, afirmou Atoji.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.