Pai de favorito à presidência da Câmara derrota ‘Moro do sertão’ e é reeleito para quarto mandato

Nabor Wanderley (Republicanos) conquista 73,4% dos votos válidos e renova poder da família em Patos (PB)

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Foto do author Eduardo Gayer
Atualização:

Com 99,13% dos votos válidos, o prefeito de Patos (PB), Nabor Wanderley (Republicanos), foi reeleito neste domingo, 6, para o quarto mandato. Ele é pai do favorito para comandar a Câmara a partir de 2025, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), um líder do Centrão a cada dia mais poderoso em Brasília. Ele foi eleito com 73,74% dos votos válidos.

Nabor derrotou nas urnas seu principal rival, o ex-juiz Ramonilson Alves (PSDB), que fez 22,31% dos votos válidos. O candidato do PT, Professor Edileudo, teve 2,97% e Aline Leite (União Popular), 097%. Com apenas 68 mil eleitores, a cidade do interior da Paraíba não tem segundo turno.

O prefeito de Patos (PB), Nabor Wanderley Filho (Republicanos), pai do deputado federal Hugo Motta. Foto: Eduardo Gayer

Disputa eleitoral na terra de Hugo Motta foi um embate entre seu pai e o ‘Moro do sertão’

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Como mostrou o Estadão, a disputa política em Patos nestas eleições tornou-se um paralelo do embate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Derrotado nas urnas pela segunda vez, o Ramonilson ganhou a alcunha de “Moro do sertão” por sua trajetória semelhante à do ex-juiz da Lava Jato. O tucano expediu uma série de reveses na Justiça contra Nabor Wanderley enquanto esteve na magistratura.

“Esse ex-juiz tentou surfar na onda do falso moralismo que aconteceu no passado. Mas faltou combinar com Deus e com o povo, que é quem elege”, disse o prefeito. Ramonilson sempre negou a tese de perseguição nos tempos de toga, e não gosta de ser comparado a Moro. “Confesso que tenho admiração pelo que ele representou em termos de caráter republicano, de moralidade. Mas um é do Nordeste, outro do Sul, não há nenhum paralelo em que pese ambos terem sido juízes”, afirma. “A inspiração não é ele [Moro]. É Jesus Cristo”.

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Apesar de Patos enfrentar problemas na área do saneamento básico e da saúde, o prefeito sempre foi franco favorito à reeleição. Ele tinha o apoio do governador João Azevêdo (PSB) e do senador Efraim Filho (União-PB). O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB), apoiava a candidatura de Ramonilson.

Prefeito de Patos teve ajuda do filho deputado para turbinar mandato

Prefeito entre 2008 e 2012, e à frente da prefeitura de Patos desde 2016, Nabor conseguiu turbinar sua gestão com emendas parlamentares enviadas pelo filho - um político em ascensão em Brasília que ganhou a simpatia de bolsonaristas e petistas para disputar a presidência da Câmara e suceder Arthur Lira (PP-AL).

Só neste mandato de Nabor (2021-2024), o deputado destinou a Patos R$ 10,9 milhões em emendas parlamentares individuais, incluindo restos a pagar. O número não leva em conta o que foi destinado ao município via emendas de relator (antigo Orçamento Secreto) e emendas de comissão, que não são rastreáveis. O Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a execução dessas emendas até a definição de critérios de transparência.

A família do deputado federal é “figurinha carimbada” na política de Patos. Em 1950, Nabor Wanderley, pai do atual prefeito e avô paterno de Hugo Motta, comandou a cidade por cinco anos. Nabor Wanderley Filho só chegou ao poder em 2004, após dois mandatos do rival político Dinaldo Wanderley, seu primo de quarto grau que morreu de covid-19 há três anos. Em 2016, depois de dois mandatos, “Naborzinho” emplacou a sucessora: a então sogra Francisca Motta, avó materna de Hugo Motta, e hoje deputada estadual pelo sexto mandato.

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Hugo Motta foi pupilo de Eduardo Cunha e cresceu como articulador político nos bastidores

O deputado federal Hugo Motta, de 35 anos, chegou a Brasília em 2011, e, ao que tudo indica, será eleito presidente da Câmara com apoio do PL de Jair Bolsonaro ao PT de Lula. Seu principal rival nessa disputa é o baiano Elmar Nascimento (União).

Antes no MDB, o filho de Nabor Wanderley cresceu na capital com as bênçãos do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, e ao lado de Lira acompanhou o antigo aliado até a sua cassação. Apesar disso, o prefeito de Patos assegura que o deputado não iria “dar trabalho” para o Palácio do Planalto, uma desconfiança presente nas fileiras do PT.

“Acho que Hugo não daria trabalho para o governo, porque é responsável com as coisas. Temos de ter uma preocupação grande com as pautas de interesse do governo que são de interesse do País. A gente não pode ser contra o que é bom para o País”, disse o prefeito de Patos em entrevista ao Estadão.

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