‘Quando serão condenados os mandantes?’, cobra pai de Marielle após sentença contra Lessa e Queiroz

Famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes acompanharam leitura de sentença no Tribunal do Júri no Rio de Janeiro

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Foto do author Rayanderson Guerra

RIO – A família da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes celebraram a decisão do Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em condenar os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz nesta quinta-feira, 31, pela execução do crime. Eles acompanharam a leitura da sentença do plenário do tribunal e cobraram que a Justiça avance na condenação dos mandantes dos homicídios.

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“Quem matou Marielle e Anderson foi a primeira pergunta. Hoje, nós tivemos a resposta com a condenação dos réus confessos. Para nós, era de suma importância a condenação deles porque se a Justiça não tivesse condenado esses dois assassinos cruéis, que assassinaram covardemente a nossa filha e o Anderson, nós não teríamos um minuto de sossego. Não acaba aqui porque tem mandantes. Agora, a pergunta que nós vamos fazer é quando serão condenados os mandantes”, disse o pai de Marielle Franco, Antônio Francisco da Silva.

Executores confessos da ex-parlamentar, Lessa e Queiroz estão presos em penitenciárias de São Paulo e Brasília desde março de 2019. Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos de prisão e Élcio Queiroz, a 59 anos.

Juíza lê sentença do Tribunal do Júri contra Ronnie Lessa e Élcio Queiroz  Foto: PABLO PORCIUNCULA

A filha de Marielle, Luyara Santos, de 26 anos, não conteve as lágrimas ao falar sobre a decisão proferida nesta quinta-feira: “Temos muitos passos pela frente”.

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“Nossa coragem trouxe a gente até aqui. É um dia muito difícil. Tenho certeza que nenhum de nós gostaria de estar aqui hoje. A Ágatha perdeu o Anderson. Eu queria minha mãe aqui, mas com certeza esse dia hoje entra para a história da democracia deste País. Temos muitos passos pela frente ainda”, disse.

A viúva de Anderson, Ágatha Arnaus, disse que não perdoa os assassinos de seu marido e “que eles (Lessa e Queiroz) fiquem lá (na prisão) para sempre”.

“Gostaria de dizer que houve um pedido de perdão de alguém que claramente não tem arrependimento. Quem tem que perdoar é Deus ou qualquer coisa que ele acredite. Eu não perdoo nunca. Eu tenho paz na minha vida, mas não preciso perdoar. Que eles eram assassinos, a gente já sabia. Agora, temos parlamentares e ex-chefes de polícia que precisam ser culpabilizados”, desabafou.

‘Hoje foi um pedaço de uma resposta’, diz Anielle Franco

Anielle Franco abraça os familiares após sentença contra Ronnie Lessa e Élcio Queiroz Foto: PABLO PORCIUNCULA

A irmã de Marielle Franco, a ministra Anielle Franco afirmou que a justiça começou a ser feita.

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“Foram muitas noites, dias, anos aí, cuidando dos meus pais, da Luyara e vendo a dor que, como minha mãe disse ontem (quarta), não tem nome. O maior legado da Marielle, que ela deixa para este País, é a prova de que mulheres, pessoas negras, faveladas, quando chegam em seus postos, merecem permanecer vivas. Quando assassinaram a minha irmã, com aqueles tiros na cabeça, eles não imaginavam a força que este País se levantaria, que este mundo se levantaria. Hoje foi um pedaço de uma resposta. A justiça começou a ser feita. Eu repito mais uma vez o que a Luyara, a Mônica, minha mãe e meu pai têm dito nos últimos meses, que a justiça mesmo teria sido se a gente não tivesse aquilo”, afirmou.

Ministério Público vai avaliar possível recurso

Ronnie Lessa prestou depoimento na quarta-feira, 30, no primeiro dia do julgamento Foto: Felipe Cavalcanti/TJRJ

Em entrevista coletiva ao fim do julgamento, os promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmaram que vão analisar a sentença “porque há uma discrepância de 20 anos entre as condenações de Élcio e Ronnie”. O promotor Eduardo Moraes Martins disse que o órgão vai avaliar se vai recorrer da decisão.

“A princípio, vimos uma diferença de 20 anos do Élcio para o Ronnie. Me parece uma discrepância grande, mas vamos ver com calma o que a juíza considerou. Se for o caso, vamos recorrer”, afirmou.

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