O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, atribuiu hoje a um "ranço udenista" as acusações de que o ministério teria favorecido entidades relacionadas ao partido o qual preside, o PDT, na realização de convênios para qualificação e treinamento de trabalhadores. "Você sabe que a UDN (União Democrática Nacional) muda de nome, mas o ranço udenista continua na cabeça de muita gente", declarou, em entrevista à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, ao responder sobre as denúncias. Lupi relacionou as acusações ao movimento da UDN contra o presidente Getúlio Vargas. "É a mesma UDN que tentou derrubar Getúlio, que derrubou (o presidente) João Goulart (Jango), que tinha ódio do (governador do Rio, Leonel) Brizola", acrescentou. Para o ministro do Trabalho, esse grupo tem "ódio do trabalhismo, porque nós representamos uma linha de pensamento vinculada diretamente ao direito do trabalhador". Lupi defendeu o processo de escolha das instituições selecionadas para os convênios, citando que o método exige audiência pública, com edital publicado, por meio do qual é selecionada uma entidade âncora. A entidade precisará fazer licitação pública para escolher as instituições que aplicarão os cursos de qualificação, descreveu. Ao afirmar que os cursos ainda não começaram, o ministro considerou que há "presunção da maldade" nas acusações. Ao abordar a recomendação da Comissão de Ética Pública da Presidência da República - que sugeriu a demissão por presidir o partido e ocupar a pasta ao mesmo tempo -, disse que ainda não conversou com o novo presidente do grupo, Sepúlveda Pertence, mas previu um diálogo diferente com ele. "Eu quero, com o coração limpo, procurar o ministro Sepúlveda Pertence, que é outro nível, é um jurista, é homem com honra ilibada, não tem parte, não representa grupo econômico", afirmou. "Vou ponderar as minhas razões a ele", complementou. Lupi ironizou o destaque dado à condição partidária dele. "Parece que só eu represento um partido nos ministérios", afirmou. O ministro disse que não recebeu pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para deixar o cargo e devolveu o elogio vindo do chefe. Presidente "O presidente tem sido de uma correção, de uma lealdade, e vítima também de uma perseguição monstruosa contra ele, até contra sua família", declarou. Lupi disse que não tem vocação para "sair brigando com todo mundo", mas avisou que não aceitará sair "como criminoso de nenhum processo". O ministro visitou hoje a Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS).
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