Partido de Bolsonaro ‘escondeu’ crise com embaixadores nas redes sociais

Enquanto presidente fazia evento contra urna eletrônica, PL falava sobre Auxílio Brasil e a pré-candidatura de Flávia Arruda ao Senado

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Foto do author Lauriberto Pompeu

BRASÍLIA - O PL, partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro vai disputar a reeleição, evitou tratar da reunião com embaixadores em que o chefe do Poder Executivo mais uma vez levantou suspeitas sem provas contra as urnas eletrônicas. O encontro, que aconteceu na última segunda-feira, 18, das 16h às 17h, foi ignorado pelo partido nas redes sociais. Enquanto a reunião acontecia, a sigla fazia publicações sobre o Auxílio Brasil e, poucos minutos depois de terminada, o PL divulgava uma pesquisa que mostra a deputada e ex-ministra Flávia Arruda (PL-DF) na liderança para o Senado.

Enquanto Bolsonaro questionava o sistema eleitoral em reunião com embaixadores, PL ignorava o assunto nas redes sociais. Foto: Reprodu


Partido de Bolsonaro comentava sobre Auxílio Brasil enquanto Bolsonaro se reunia com embaixadores. Foto: repro

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No ano passado, antes de o PL ter Bolsonaro entre os filiados, o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, defendeu as urnas eletrônicas em vídeo divulgado pela legenda nas redes sociais. “O próprio Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil, com mais 53 deputados federais. Como reclamar da urna eletrônica? Não tem como reclamar”, declarou Costa Neto. Na mesma linha, o vice-presidente da Câmara, deputado Lincoln Portela (MG), disse ao Estadão que “o Partido Liberal segue consciente do seu trabalho para uma democracia segura e consistente”.

A iniciativa de Bolsonaro de convocar os embaixadores gerou um constrangimento internacional e provocou reações de países importantes, como os Estados Unidos e o Reino Unido, que demonstraram confiança no sistema eleitoral brasileiro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, também saíram em defesa das urnas eletrônicas depois do episódio.

O líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), negou haver constrangimento dentro do partido em relação à reunião com os embaixadores. “O presidente é o chefe da nação, é o candidato, ele que fala por ele. Simples assim. Ele tem todo direito de fazer essa reunião. Os ministros (do STF) não estão viajando o mundo para falar o que querem?”.

Após pressão de diversos grupos representativos de procuradores, o chefe da Procuradoria-Geral da República, Augusto Aras, divulgou uma fala antiga em que também reforça a confiança no modo como as eleições são conduzidas. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), ainda não se manifestou sobre o assunto.

Apesar de o presidente licenciado do Progressistas e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, ter comparecido à reunião com os embaixadores, o partido do Centrão também se calou sobre o assunto nas redes sociais.

De acordo com as pesquisas de intenções de voto para a Presidência da República, Bolsonaro está em segundo lugar, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com o argumento de que não é possível auditar os votos, Bolsonaro tem defendido que é preciso um comprovante de voto impresso. Um projeto que determinaria que as urnas eletrônicas pudessem imprimir um registro do voto não teve apoio suficiente e foi arquivado pela Câmara no ano passado.

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O atual sistema eleitoral já permite diversos instrumentos de auditagem, como o acompanhamento por parte de setores da sociedade civil organizada das etapas do processo eleitoral, além também da divulgação dos boletins impressos com a quantidade de votos de cada candidato nas seções eleitorais.

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