Nanico PROS se alia a Lula, mas mantém candidatos bolsonaristas e até médica pró-cloroquina

Bancada do PROS no Congresso está majoritariamente com Bolsonaro, principal rival de Lula

PUBLICIDADE

Foto do author Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA - Mesmo fechando uma aliança nacional com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o nanico PROS tem um perfil majoritariamente bolsonarista no Congresso e os parlamentares insistem em manter o apoio ao principal rival do candidato do PT. O PROS abriga inclusive nomes folclóricos do bolsonarismo radical, como a médica Nise Yamaguchi, que se notabilizou por recomendar tratamentos sem eficácia contra a covid, e o ex-deputado Boca Aberta, que foi cassado por ter invadido uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Paraná.

PUBLICIDADE

Nise entrou com uma ação no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) para que o partido permita que ela seja candidata ao Senado por São Paulo, mas a atual direção quer estar com Márcio França (PSB), candidato a senador na chapa em que o petista Fernando Haddad concorre a governador. Inicialmente, a médica se filiou ao PTB para concorrer ao cargo, mas saiu do partido para se filiar ao PROS em abril.

No Congresso, a legenda tem quatro deputados e dois senadores, destes apenas a senadora Zenaide Maia (RN) faz campanha para o PT. “Continuo firme e forte ao lado do presidente Bolsonaro, minha fidelidade e apoio não tem data de validade”, diz a líder da sigla na Câmara, Aline Sleutjes (PR), que é candidata ao Senado.

A deputada era do antigo PSL, legenda que elegeu Bolsonaro em 2018 e que se uniu ao DEM para formar o União Brasil. Em abril, durante a janela partidária, Aline se filiou ao PROS. “O PROS Paraná tem uma nota oficial autorizando o partido a fazer campanha para o presidente Jair Bolsonaro, inclusive foi uma exigência minha para filiar- me”, afirmou.

Publicidade

PROS PT Foto: Dmark/FPA

O senador Telmário Mota (RR), que vai tentar a reeleição neste ano, também descarta apoiar o PT. “Em Roraima o parceiro do Lula é o Jucá, que destruiu o Estado. O Bolsonaro não, é parceiro de quem quer o crescimento e o desenvolvimento de Roraima”. Apesar do que o senador disse, Romero Jucá (MDB) vai se candidatar ao Senado na mesma coligação que o PL, partido de Bolsonaro, e publicamente já falou que apoia a emedebista Simone Tebet para o Planalto.

Telmário tem um histórico de mudanças nas posições políticas. Em abril de 2016, ele chegou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) que anulasse todo o processo do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que na época havia sido aprovado pela Câmara e ainda não tinha sido analisado pelos senadores. Porém, o parlamentar votou a favor do afastamento da petista em agosto, quando o caso chegou ao Senado.

“O PROS aqui em Roraima se coligou com o PSC. Tanto o PROS quanto o PSC em Roraima apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Porque o presidente Jair Bolsonaro foi um presidente sensível às causas do Estado de Roraima, principalmente a questão energética, fundiária e a infraestrutura”, declarou o senador sobre a posição na eleição deste ano.

Com três mudanças no comando na semana passada por conta de uma disputa judicial, o PROS fechou o período das convenções retirando a candidatura presidencial de Pablo Marçal. O coach tenta recorrer para manter a candidatura.

Publicidade

O partido foi oficializado em 2013 e na época tinha como principais representantes Ciro Gomes e seus aliados, que saíram da legenda para migrar para o PDT em 2015. Também já abrigou a família Garotinho no Rio, que hoje está no União Brasil. A legenda apoiou a reeleição de Dilma em 2014 e a candidatura de Haddad a presidente em 2018.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.