Partidos articularam comissões da Câmara de olho nas eleições de 2020

Apesar de deputados negarem, projeção na presidência das comissões pode ajudar na disputa para prefeituras do ano que vem

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BRASÍLIA - A articulação para a definição do comando das comissões permanentes da Câmara levou em consideração questões externas ao Congresso. Já de olho nas eleições municipais em 2020 e na disputa pelo comando da Casa em 2021, os eleitos para as presidências dos colegiados vislumbram ganhar holofotes que possam cacifá-los no futuro.

O plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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É o caso do novato Léo Motta (PSL-MG), escolhido para presidir a comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Ele quer ganhar projeção para conquistar a prefeitura de Contagem, terceira cidade mais populosa de Minas Gerais. Segundo interlocutores, a gestão municipal é uma aspiração do parlamentar.

O deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), escolhido para presidir a Comissão de Educação, é um dos cotados para concorrer à prefeitura de Campina Grande (PB). Cunha Lima diz que ainda é muito cedo para decidir se irá disputar a prefeitura de Campina Grande, mas diz que seria uma honra. Ele nega que sua pretensão política tenha pesado na escolha do partido na definição de seu nome para presidir o colegiado. "Mesmo porque, infelizmente, educação não dá projeção política", diz.

Líder da bancada da bala e eleito nesta semana presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o deputado Capitão Augusto (PR-SP) não esconde sua pretensão. Ele quer concorrer à presidência da Câmara e pode usar a projeção para angariar votos entre os parlamentares até a saída de Rodrigo Maia (DEM-RJ), embora negue que vá usar isso de forma intencional. "Não tenho pretensão nenhuma de aproveitar esse protagonismo que vai ter a segurança pública nesse mandato para alçar voos e ser candidato, o negócio é aprovar projetos", diz.

A definição do principal colegiado da Casa passou por uma questão interna do PSL. Por ser a maior sigla do principal bloco partidário, coube à legenda do presidente Jair Bolsonaro assumir a Comissão de Constituição e Justiça. A definição do presidente, porém, foi alvo de uma disputa que só foi resolvida com a formalização de um acordo.

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Hoje deputado estadual pelo Paraná, o delegado Fernando Francischini foi um dos responsáveis por costuras que levaram novos quadros para o PSL, incluindo o presidente Jair Bolsonaro. Em retribuição, a legenda aceitou colocar o nome de seu filho, Felipe Francischini, na disputa interna. Coube ao novato convencer seus pares. Ele começou a se movimentar ainda em novembro, quando se aproximou das lideranças do partido. Chegou a ter o cargo ameaçado pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), que se apresentou para a disputa como escolhida de Bolsonaro. O espírito de corpo, porém, prevaleceu e Felipe acabou sendo o nome indicado pelo partido para a CCJ. Parlamentares da legenda também afirmam que Felipe pode ser uma aposta do partido para disputar a presidência da Câmara em 2021.

Mapa. A base aliada do governo conseguiu ficar com 8 das 25 comissões temáticas da Casa, entre elas, algumas das mais relevantes, como a CCJ. A oposição vai presidir sete colegiados e os partidos considerados de centro ficaram com 10 comissões.