Paulo Pimenta defende seu cargo como autoridade federal no RS: ‘Vocês queriam o quê?’

Nomeação do ministro para coordenar atividades de reconstrução do Rio Grande do Sul pode antecipar disputa eleitoral de 2026 e é vista como estratégia do governo federal para ‘protagonizar’ ações

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Foto do author Julia Camim

O ministro Paulo Pimenta, designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para chefiar a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, defendeu a nomeação dele para o cargo neste domingo, 19. Autoridade federal responsável por coordenar ações nos municípios gaúchos atingidos pelas maiores enchentes da história do Estado, Pimenta afirma que é “preciso ter alguém que possa falar com todo mundo, que possa falar com o governador, que tenha trânsito na bancada estadual, na bancada federal”.

“Vocês queriam o quê? Que o presidente Lula colocasse para coordenar isso alguém que não conhece o Rio Grande do Sul? Alguém que não tem trânsito dentro do governo?”, questionou o ministro em publicação no X (antigo Twitter), citando uma entrevista que concedeu ao canal no YouTube Barão de Itararé.

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A nomeação de Pimenta ao cargo foi recebida com preocupação pela atual gestão estadual. Conforme mostrou o Estadão/Broadcast, o governo de Eduardo Leite (PSDB) acredita que a atuação do ministro pode causar uma disputa eleitoral precoce em meio ao desastre climático, já que Pimenta é cotado para disputar o Executivo estadual nas eleições de 2026.

Além disso, a nomeação dele para representar “a cara do governo federal” na região é vista como uma maneira de dar protagonismo às ações federais, deixando em segundo plano as atividades que envolvem Leite, com quem o ministro já tem divergências.

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Paulo Pimenta, ministro da Reconstrução do Estado do Rio Grande do Sul, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Wilton Junior/Estadão

Segundo Pimenta, que discorda do projeto estadual de criação de “cidades temporárias” para os desabrigados das enchentes, defendido por Leite, as “concepções distintas” sobre como o poder público pode oferecer “dignidade e condição para que as pessoas façam uma transição adequada até chegar o momento de elas voltarem a ter uma casa” ainda vão “aflorar de forma muito intensa a partir dos próximos dias”.

Apesar das discordâncias que “aparecem”, o ministro disse que o governo Lula não fará um “jogo de disputa” frente à situação gaúcha, mas buscará resolver os problemas decorrentes da tragédia de forma republicana. Ao defender um plano de “recuperação sustentável”, Pimenta afirma que o tema socioambiental deve ser incluído na discussão do projeto “tanto de recuperação da infraestrutura quanto da atividade econômica do Estado”.

Em vídeo compartilhado no X, o ministro também disse que há outras duas posturas em relação ao desastre, sendo uma da extrema direita, que segundo ele é fundamentada na disseminação de “fake news e mentiras” para construir uma narrativa de que “é cada um por si e as políticas públicas não funcionam”, e outra do neoliberalismo, que, para Pimenta, é representada por propostas de intervenção mínima do Estado e busca por ajuda externa.

De acordo com boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgado nesta segunda-feira, 20, mais de 76 mil gaúchos estão em abrigos e 580 mil seguem desalojados. Ao todo, 2,3 milhões de pessoas já foram atingidas pelas fortes chuvas e 157 morreram.

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