BRASÍLIA – O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi transferido para a Secretaria-Geral do Exército. Com isso, o general deixou de estar ligado (adido, no termo militar) à 12.ª Região Militar, em Manaus (AM), e passa a atuar num órgão ligado diretamente ao comando da Força. A mudança foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira, 23. Segundo no comando da Saúde durante a gestão de Pazuello, o coronel Élcio Franco também ganhou novo cargo como assessor especial da Casa Civil da Presidência, subordinado ao ministro Luiz Eduardo Ramos.
A Secretaria-Geral do Exército tem, entre suas funções, preparar as reuniões do Alto Comando da instituição, conduzir processos de concessões de medalhas, organizar e divulgar boletins, além de assessorar o comandante a normatizar o uso de uniformes.
Alvo de inquérito e na mira da CPI da Covid, a realocação de Pazuello para a Secretaria-Geral do Exército é, contudo, temporária. Assim como Franco, o ex-ministro deve receber uma vaga no Palácio do Planalto nos próximos dias. Um dos postos cogitados é a chefia da Secretaria Especial de Modernização do Estado.
Segundo o vice-presidente Hamilton Mourão, Pazuello deve ganhar novo cargo a partir de julho, quando haverá promoção de oficiais do Exército. "O que que significa adido? O camarada quando ele não tem função específica ele fica adido. A Secretaria-Geral é um órgão subordinado diretamente ao comandante, então, ele fica adido à Secretaria para receber missões eventuais do comandante. Agora no mês de julho, tem promoções no Exército e movimentação de general. Aí, provavelmente, o Pazuello será movimentado para algum lugar", disse o vice-presidente nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto.
Eduardo Pazuello foi o terceiro ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro. Ele ficou no cargo entre maio de 2020 a março deste ano. Sua gestão foi marcada principalmente pelo atraso na negociação das vacinas. O militar deixou o ministério pressionado por críticas à sua atuação durante a pandemia da covid-19. Em seu lugar, assumiu o cardiologista Marcelo Queiroga.
O ex-ministro é investigado por possível omissão no colapso da saúde com a falta de oxigênio medicinal em Manaus (AM) no início do ano. Depois de sair do ministério e perder o foro privilegiado, o inquérito foi enviado à primeira instância da Justiça Federal de Brasília, por decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal. Além disso, na semana passada, o Ministério Público Federal apresentou ação de improbidade administrativa contra Pazuello e secretários do Ministério da Saúde pelo ocorrido em Manaus.
Motivo de preocupação para o governo, a CPI da Covid deve ouvir Pazuello e também seus auxiliares. O colegiado será instalado no próximo dia 27 e tem como um dos focos apurar as ações e omissões do governo federal no combate ao novo coronavírus, além dos repasses da União aos Estados e municípios.
Em entrevista à Veja divulgada ontem, o ex-secretário especial de Comunicação Social do governo Fábio Wajngarten afirmou que houve "incompetência" e "ineficiência" do Ministério da Saúde nas negociações com a farmacêutica Pfizer. Ele negou estar acusando diretamente Pazuello, mas sim toda a equipe que “gerenciava o Ministério da Saúde nesse período”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.