RIO – A Polícia Federal (PF) cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de férias do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Angra dos Reis, no litoral Sul do Estado do Rio de Janeiro, na manhã desta segunda-feira, 29, no âmbito da operação que apura as ligações do vereador da capital fluminense Carlos Bolsonaro (Republicanos ) sobre suposta espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo a PF, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão. Entre eles, em Angra dos Reis, onde o clã passa férias desde o início de janeiro; na residência de Carlos na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio; no gabinete do vereador, na Câmara Municipal do Rio; em Formosa (Goiás) e em Salvador (Bahia).
De acordo com o advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da secretaria de Comunicação Social da Presidência no governo Bolsonaro, o ex-presidente e os filhos saíram da casa em Angra nesta segunda-feira por volta das 5h para pescar. Segundo Wajngarten, não foi encontrado “nenhum computador de quem quer que seja na residência ou no gabinete de Carlos”.
Em nota, a Câmara Municipal do Rio confirma que agentes da Polícia Federal estiveram no gabinete de Carlos na manhã desta segunda-feira para cumprir mandado judicial de busca e apreensão. Segundo a Casa, a diligência ocorreu das 7h às 9h, e foi acompanhada pela segurança da Casa e um assessor do parlamentar.
Carlos Bolsonaro está em Angra dos Reis com o pai e dois irmãos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). O clã promoveu uma live neste domingo, 28, para lançar um programa de formação para candidatos a vereador e reforçar a polarização com o PT nas eleições municipais deste ano.
A operação é um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada, que vasculhou 21 endereços no último dia 25. O principal alvo da ofensiva foi o ex-diretor da Abin na gestão Bolsonaro e hoje deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A investigação se debruça sobre a suspeita de que a Abin teria sido usada ilegalmente para atender a interesses políticos e pessoais do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua família.
A Operação Vigilância aproximada, por sua vez, é uma continuação da Operação Última Milha, que, em outubro de 2023, chegou a prender servidores da Abin que usaram indevidamente o sistema de geolocalização de celulares do órgão para coerção. À época, o Estadão mostrou como a ofensiva ligou um sinal de alerta para o vereador Carlos Bolsonaro, que hoje é alvo de buscas.
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