PF prende acusados de fraudar obras no valor de R$ 103,5 mi

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal prendeu hoje em quatro Estados políticos, empresários, lobistas e advogados acusados de participação em licitações fraudulentas, desvio de verbas federais, esquema de alteração indevida de dados na Receita Federal em Macapá, tráfico de influência e fraude no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal -SIAFI, que gerencia os créditos da União. Deflagrada pela Polícia Federal, a Operação Pororoca, comandada pelo delegado federal Tardelli Boaventura, teve a participação de 170 policiais federais e realizou prisões e apreensões de computadores e documentos no Amapá, Distrito Federal, Pará e Minas Gerais. Foram 30 mandados de prisão expedidos pela Justiça - em Macapá e no município de Santana - quatro em Brasília, quatro em Belém e um em Belo Horizonte. Até o final da tarde, 25 haviam tido a prisão efetuada, sendo 18 no Amapá. Os 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. O valor total de 17 obras com indícios de fraudes somam R$ 103,5 milhões. Entre elas, o Porto de Santana - segundo maior município do Amapá - orçado em R$ 63,9 milhões e considerado a maior obra portuária do País. A União disponibilizou para o Porto R$ 5,5 milhões, dos quais R$ 1,5 milhões teriam sido aplicados no projeto da obra e os restantes R$ 4 milhões não constam da conta exclusiva da prefeitura para o convênio. "Estes 4 milhões desapareceram", afirmou Tardelli. A PF ainda não sabe o valor desviado do total das obras. O ex-senador, ex-secretário de Saúde do Amapá e candidato derrotado à prefeitura de Macapá, Sebastião Rocha, conhecido como Bala, do PDT, foi o primeiro a ser preso, às 6h40 (hora local), no seu apartamento. Como todos os outros, ele afirmou não saber porque estava sendo levado. Ele é acusado de corrupção passiva e de direcionar para a vitória em licitações, a empresa de Luiz Eduardo Pinheiro Correa, a Método Norte Engenharia e Comércio Ltda. O ex-senador também receberia propinas para liberar pagamentos. Apontado como cabeça do esquema fraudulento, o empresário Luiz Eduardo Correa elevou o capital social da sua empresa em 600%, passando, no período de dois anos, de R$ 250 mil para R$ 1,5 milhão, de acordo com relatório da Polícia Federal. Também foram presos o sócio de Luiz Eduardo na Método, Francisco Furtado Leite (Gil), e a advogada e mãe de Luiz Eduardo, Vera Correa. Em Brasília foram presos: o lobista André Clayton Fernandes Dias, a lobista e ex-assessora do deputado federal Coronel Alves, Liziane Nogueira de Rocha Fragoso e dois funcionários do Ministério da Educação, Maria Francisca Soares e Wadison Cardoso Nunes, que manipulariam o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI. André Clayton faria a ponte com o empresário Luiz Eduardo Correa e se encarregava de pagar os funcionários. Em Belém, o suplente do senador Luciomar Costa (PTB) que se elegeu prefeito da capital, Fernando de Souza Flexa Ribeiro - dono da Engeplan e diretor da CNI e que assumiria a vaga de senador da República em janeiro - e Eduardo Peres Boullosa Júnior, foram presos ainda pela manhã e levados, de avião, para a sede da PF em Macapá. Eles teriam participado em fraude de licitação para o Porto de Santana, para favorecer a Queiroz Galvão, que venceu a licitação para obras de revitalização do porto. O lobista da CMT, Luiz Eduardo Monteiro, de Belo Horizonte, foi preso por tráfico de influência para agilizar convênios entre a prefeitura de Santana e o Governo Federal em relação ao porto.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.