Em oito anos de governo Lula, a Polícia Federal tornou-se uma bem sucedida máquina de investigar o crime organizado, prender corruptos e desmantelar quadrilhas especializadas em pilhar o erário.
Entre 2003 e 2010, foram realizadas no País 1.256 operações – média de 157 ao ano, que levaram 15.886 pessoas à prisão, das quais 1.902 são servidores públicos de todos os níveis e poderes da República, incluindo governadores de Estado, prefeitos, parlamentares, juízes e membros do Ministério Público. O desempenho é três vezes superior ao do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, antecessor de Lula.
Reformulada pelo ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que lhe deu o lema de "polícia republicana, que não protege amigos nem persegue inimigos", a PF viveu duas fases distintas na era Lula, a primeira delas comandada pelo delegado Paulo Lacerda. Desde então, o País viu pela primeira vez ir para a cadeia gente rica, influente e poderosa, como o banqueiro Daniel Dantas e o ex-prefeito Paulo Maluf. Alguns presos famosos foram exibidos em cadeia nacional, algemados e enfiados no camburão.
O excesso de pirotecnia, porém, incomodou o Supremo Tribunal Federal (STF), que forçou mudanças no modo de atuação da PF. No segundo mandato, o novo diretor, Luiz Fernando Corrêa, pôs em prática uma filosofia baseada na eficiência investigativa e na qualidade da prova, em busca de um gestão de resultados. Um rigoroso manual de operações proibiu exposição de presos. As operações se mantiveram na média, mas aumentou consideravelmente o número de prisões provisórias, com tempo maior de duração que as temporárias, porque são calçadas em provas mais robustas.
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