BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva toma posse neste domingo, 1.º, com um esquema inédito de segurança. Diante do clima de tensão que marca a cerimônia, por causa de atos terroristas registrados nos últimos dias, Lula recebeu a orientação da Polícia Federal de vestir um colete à prova de bala e de usar um carro blindado, no lugar do tradicional Rolls-Royce, em desfile na Esplanada dos Ministérios. O petista, porém, resiste à sugestão.
Com expectativa de receber cerca de 300 mil pessoas, em uma programação prevista para avançar pela madrugada de segunda-feira, 2, Brasília está com as “superquadras” residenciais lotadas e a rede hoteleira com praticamente 100% de ocupação. Para evitar qualquer tipo de ocorrência na região central da cidade, onde se dará a programação, foram mobilizadas todas as forças de segurança do governo do Distrito Federal.
Ao todo, a mobilização poderá envolver até 8 mil agentes. Sem incluir o contingente da Polícia Militar e do Exército, o policiamento na Esplanada e na Praça dos Três Poderes terá 1.500 integrantes – mil policiais federais, 300 policiais civis e 150 homens e mulheres do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Haverá ainda reforço aéreo com helicópteros da PM, que, por questões de segurança, não informou o total de militares a serviço durante o dia.
O Centro Integrado de Operações de Brasília, uma base de alta tecnologia que realiza o monitoramento por câmeras de vídeos e drones, vai policiar toda a área, em tempo real, para identificar qualquer movimentação suspeita. A maior concentração é esperada na Esplanada, onde será realizado o Festival do Futuro, com dezenas de shows que começam às 11 horas deste domingo e seguem até a madrugada de segunda.
A preocupação sem precedente com a segurança da posse se dá em virtude dos últimos episódios de violência registrados na capital federal. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que nesta sexta, 30, deixou o País rumo aos Estados Unidos e, assim, evitou entregar a faixa a Lula, cometeram atos de vandalismo na capital federal e mantiveram discursos extremistas.
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No dia 12, quando o petista e o vice Geraldo Alckmin foram diplomados, militantes mais radicais deixaram rastro de destruição em Brasília, com tentativa de invasão da sede da PF, após a prisão de um líder indígena, ônibus e carros incendiados, e uma delegacia de polícia depredada. Apoiadores do presidente tinham ainda o plano — que foi frustrado – de explodir um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília.
Para evitar a superlotação na Praça dos Três Poderes, onde fica o parlatório do Palácio do Planalto, local em que Lula deverá se pronunciar à Nação depois de receber a faixa presidencial, foi estabelecido um limite de 40 mil pessoas, com forte esquema de revista e entrada permitida até as 12h30. Os demais, porém, deverão ter oportunidade de ver o presidente e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, no desfile de carro que costuma ser feito pela Esplanada.
A estimativa é de que cerca de 800 caravanas de ônibus vieram para a posse deste domingo. São esperadas cerca de 100 mil pessoas de todos os Estados do País. Milhares de pessoas também vieram de carro ou de avião, lotando o aeroporto de Brasília, que acabou transformado em local de festa para eleitores de lula, conforme vídeos feitos pela reportagem.
Estão proibidos o porte e uso de armas brancas, armas de fogo, objetos pontiagudos, garrafas de vidro e latas, hastes de bandeira, apontador a laser, armas de brinquedos, fogos de artifício, substâncias inflamáveis, dispositivos de choques elétricos ou sonoros e álcool líquido. As regras e todo o aparato de segurança foram adotados para garantir a segurança na posse.
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Na manhã deste sábado, 31, horas antes do início oficial do governo Lula, algumas dezenas de apoiadores do agora ex-presidente Jair Bolsonaro ainda continuavam na porta do Quartel-General do Exército, em Brasília, com algumas barracas, faixas com mensagens golpistas e caixa de som. O número de extremistas caiu drasticamente nas últimas duas semanas, depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou a prisão de apoiadores que participaram de atos violentos em Brasília.
A equipe do Estadão permaneceu no local por cerca de 15 minutos, quando foi cercada por seis apoiadores. “Se for esquerdista, a gente bota para correr”, disse um deles. Em outro momento, um dos apoiadores pediu ajuda divina. “Pai, ajuda”, disse. “Manda coragem do céu, se for da sua vontade.”
A avenida principal de acesso ao Exército, na frente do QG, havia sido fechada para a entrada de carros. Por volta das 11h, bolsonaristas cantavam o Hino Nacional, entoando gritos contra Lula. Um homem foi ao microfone para dizer que “a gente espera uma atitude desse presidente em exercício que está aí”, em referência ao vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos), que assumiu o posto desde sexta, quando Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos, onde deve ficar por um tempo ainda não conhecido.
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A cerca de 7 quilômetros do quartel, na Esplanada dos Ministérios, apoiadores de Lula visitavam o local onde o presidente eleito tomará posse. O palco onde haverá shows recebeu as cores azul e amarelo com uma estrela. No Palácio do Planalto, quatro caixas de som foram instaladas próximas à rampa por onde Lula subirá. Na Praça dos Três Poderes, há dois telões. O parlatório recebeu uma cobertura contra chuva e já estava equipado com um microfone.
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