PGR propõe ao STF acordo de não persecução penal para Janones em caso da ‘rachadinha’

Deputado foi investigado depois de aparecer em áudio vazado pedindo contribuições mensais de funcionários para cobrir despesas de campanha; denunciado por corrupção passiva, peculato e associação criminosa, ele nega irregularidades

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Foto do author Wesley Bião

A Procuradoria-Geral da República (PGR) propôs ao Supremo Tribunal Federal (STF) um acordo de não persecução penal para o deputado André Janones (Avante-MG), investigado por liderar um esquema de “rachadinha” em seu gabinete.

Esse tipo de acordo permite que o acusado não seja julgado por algum crime, desde que ele confesse a prática do delito e cumpra as condições estabelecidas pela Justiça, como pagamento de multa ou prestação de serviços.

O deputado André Janones, do Avante. Foto: Divulgação/Câmara

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Em setembro, Janones foi indiciado pela Polícia Federal (PF), que apontou indícios de que o deputado teria cometido corrupção passiva, peculato e associação criminosa. Além dele, foram indiciados um assessor e um ex-assessor pelos crimes de corrupção passiva e associação criminosa.

A PGR solicitou a suspensão do caso por 60 dias para negociar os termos do acordo. Quando enviado ao Supremo, o pedido será analisado pelo ministro Luiz Fux, relator do caso.

Segundo o relatório do vice-procurador-geral, Hindemburgo Chateaubriand Filho, a investigação “confirmou, em parte, a hipótese criminal”, resultando no indiciamento do parlamentar e dos assessores Mário Celestino da Silva Junior e Alisson Alves Camargo.

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“São fatos que tipificam o crime de peculato e permitem o oferecimento de acordo de não persecução penal, nos termos do art. 28-A do Código de Processo Penal”, diz o texto.

De acordo com a PF, “Janones é o eixo central em torno do qual toda a engrenagem criminosa gira”. “A investigação expôs a ilicitude de seus atos em todas as etapas, desde o início até o desfecho”, prossegue o documento.

A investigação teve início após a divulgação de um áudio revelado pelo Metrópoles e obtido pelo Estadão no qual Janones solicitava contribuições mensais de funcionários para cobrir despesas de campanha. Na época, o deputado do Avante, aliado de Lula (PT), negou irregularidades.

“Tem algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, que vão receber um pouco de salário a mais e elas vão me ajudar a pagar as contas que ficou (sic) da minha campanha de prefeito”, afirma Janones no áudio.

A PF afirma que a autenticidade do áudio foi corroborada por participantes da reunião e por laudos periciais, indicando que “o parlamentar solicitou a devolução de parte da remuneração dos seus assessores, prática conhecida como ‘rachadinha’, o que configura o crime de corrupção passiva previsto no art. 317 do Código Penal”.

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Dois ex-assessores confirmaram os pedidos de devolução em depoimentos. Um deles relatou ter sofrido retaliações por não fazer a devolução, o que teria motivado sua saída do cargo.

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Após a história vir à tona, o Partido Liberal (PL) entrou com uma representação pedindo a cassação do mandato do parlamentar mineiro. O tema entrou em pauta no Conselho de Ética da Câmara, sob relatoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que votou a favor do arquivamento do processo. A sessão, tumultuada, definiu pelo arquivamento.

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