PL contraria Bolsonaro e indica Lincoln Portela para vice-presidência da Câmara

Presidente tentou emplacar deputado Major Vitor Hugo na cadeira ocupada por Marcelo Ramos

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Por Iander Porcella e Eduardo Gayer

BRASÍLIA – O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, contrariou a orientação do Palácio do Planalto e nesta terça-feira, 24, decidiu indicar o deputado Lincoln Portela (MG) para o cargo de vice-presidente da Câmara, em substituição a Marcelo Ramos (AM), que foi destituído por ter mudado para o PSD.

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Como mostrou o Estadão/Broadcast, Bolsonaro patrocinou uma operação para emplacar o deputado Major Vitor Hugo (GO) na cadeira anteriormente ocupada por Ramos e chegou a pedir votos para o aliado, que é pré-candidato ao governo de Goiás.

O presidente, no entanto, foi avisado pela cúpula do PL de que Vitor Hugo não teria apoio suficiente para ser o nome do partido e teve de recuar. O impasse entre bolsonaristas pela cadeira na Mesa Diretora da Câmara deflagrou uma crise na base aliada.

Nos bastidores, um setor importante do PL já vê interferência excessiva de Bolsonaro nas articulações partidárias, controladas pelo presidente da legenda, Valdemar Costa Neto.

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O deputado Lincoln Portela (MG); impasse entre bolsonaristas pela cadeira deflagrou crise na base do governo Foto: José Cruz/ Divulgação

Vice-presidente nacional do PL e líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública, o deputado Capitão Augusto (SP) também concorreu à indicação do partido.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, destituiu Ramos da segunda cadeira mais poderosa da Casa após pressão do governo. Em rota de colisão com o Planalto, Ramos deixou o PL depois que Bolsonaro se filiou ao partido e acabou migrando para o PSD.

Eleição

A nova eleição para os cargos vagos na Mesa Diretora deve ocorrer nesta quarta-feira, 25. Para tirar Ramos da vice-presidência, o PL alegou justamente a troca de partido. O deputado chegou a entrar com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir sua permanência no posto. Conseguiu uma liminar favorável, mas, nesta segunda-feira, 23, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a decisão, dando a palavra final ao Legislativo.

As deputadas Marília Arraes (PE) e Rose Modesto (MS) também foram destituídas da Mesa Diretora. Elas ocupavam a segunda e a terceira secretarias, respectivamente. O motivo foi o mesmo que levou à saída de Ramos da vice-presidência da Câmara. Marília trocou o PT pelo Solidariedade e Rose, o PSDB pelo União Brasil.

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“Os três deputados que mudaram de partido saem. Ele não é diferente dos outros, não”, respondeu Lira ao Estadão/Broadcast, ao ser questionado sobre a destituição do vice-presidente da Casa. No Twitter, Ramos criticou a decisão. “Fui eleito pelo voto de 396 deputados e deputadas e destituído por 1 e atendendo a uma ordem do Presidente da República”, escreveu ele, em referência a Lira e a Bolsonaro.

Ramos atribuiu sua saída do cargo ao embate que trava com o governo em torno do corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que afeta a Zona Franca de Manaus. “Alguns achavam que me chantageavam quando sugeriram meu silêncio nas críticas ao presidente e na defesa do Amazonas para que não me retirassem da vice-presidência da Câmara em um gesto ilegal, arbitrário e antidemocrático. Não me conhecem”, disse.

Na avaliação de parlamentares do Amazonas, reduzir o IPI para produtos de todo o Brasil que concorrem com os da Zona Franca reduz a vantagem dos itens fabricados em Manaus, que já contam com desoneração.

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