PL tem clima de incerteza na eleição de Hugo Motta e pode ter traições em favor de Van Hattem

Horas antes da votação para a presidência da Câmara dos Deputados, lideranças do partido enalteceram a unidade em torno de Hugo Motta, mas admitiram o risco de que o deputado Marcel Van Hattem atraia votos dos parlamentares mais radicais

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BRASÍLIA - A bancada do PL vive um clima de incerteza sobre a possibilidade de haver dissidências na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados neste sábado, 1º. Horas antes da votação, lideranças do partido enalteceram a unidade em torno de Hugo Motta (Republicanos-PB), mas admitiram o risco de que o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) atraia votos dos parlamentares mais radicais.

O líder do PL, Altineu Côrtes (RJ), candidato à 1ª vice-presidência no bloco de Motta, pregou a unidade na legenda, mas disse que não houve fechamento de questão. “Eu acredito que a candidatura do Hugo Motta vai unir o nosso partido”, disse a jornalistas. A votação, no entanto, é secreta, portanto, pode haver traições. A bancada do PL é a maior da Câmara, com 92 deputados.

Deputado Marcel Van Hattem disputa a presidência da Câmara dos Deputados e pode atrair votos de parlamentares do PL Foto: Zeca Ribeiro

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A dúvida ocorre porque para parcela de deputados do PL é necessário aprovar o projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Lideranças do PL sustentam que Motta está comprometido em dar avanço à pauta, mas o deputado do Republicanos não se manifestou categoricamente a favor da proposta. O projeto está parado em uma comissão especial na Câmara.

Já Van Hattem estampou em seu material de campanha que tem como compromisso a “anistia a todos os perseguidos políticos”, o “impeachment de Lula” e o “combate aos abusos de autoridade”. O partido que ele representa tem apenas quatro deputados, mas suas pautas criam grande identificação entre os deputados bolsonaristas.

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Mais cedo, fontes disseram ao Estadão/Broadcast que o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer um apelo por unidade aos deputados do PL em favor de Hugo Motta. Um deputado que esteve presente no encontro disse à reportagem que nenhum dos parlamentares se manifestou contra o pedido de Bolsonaro por terem “juízo”.

Lideranças do PL ainda não sabem dizer, também, se a gestão de Motta será melhor para Bolsonaro ou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Palácio do Planalto vê na nova presidência uma esperança de estabilidade na relação com a Câmara. O que se sabe é que o partido de Bolsonaro terá mais poder na Mesa Diretora com Motta. Por outro lado, o PT foi o fiel da balança para a composição da chapa do Republicanos.

Novo líder do PL diz que Lira era ‘mais Eduardo Cunha’ e Hugo Motta é ‘mais Rodrigo Maia’

O novo líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou que vê o deputado Arthur Lira (PP-AL) como “mais Eduardo Cunha” e o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) como “mais Rodrigo Maia”, ao fazer uma comparação dos dois perfis para a presidência da Câmara dos Deputados.

As declarações ocorreram em conversa com a imprensa neste sábado, 1º, horas antes da eleição da Mesa Diretora da Câmara. Na ocasião, Cavalcante disse que é precipitado fazer uma avaliação sobre a gestão de Motta sem que o mandato tenha iniciado, mas afirmou que vê “grandeza” no parlamentar.

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“Acho que é muito mais fácil ganhar com um lado e ter uma disputa, do que ter que fazer um arco de aliança desse. Ele vai ter muito trabalho, mas ele tem grandeza, tamanho, vai conduzir muito bem”, declarou.

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

Cavalcante prosseguiu: “Acho que o presidente Arthur Lira, que fez esse fenômeno de duas eleições do jeito que fez, ele tem um perfil mais aguerrido. Se comparar um pouco com o histórico para trás, acho um perfil mais a la Eduardo Cunha. E acho, não sei, o tempo vai dizer, que o perfil do Hugo vai ser mais Rodrigo Maia".

O deputado também disse haver uma expectativa de que as comissões temáticas na Câmara ganhem maior relevância sob a presidência de Motta. Segundo ele, houve um “trato de campanha” com o deputado do Republicanos nesse sentido.

No caso das comissões mistas, compostas por deputados e senadores, Cavalcante disse que não havia sintonia entre Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e que agora acha que “isso vai melhorar muito”.

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Cavalcante foi 2º vice-presidente da Câmara na gestão de Lira. Agora, ele deve ser substituído por Elmar Nascimento (União-BA). O PL terá um cargo maior na Mesa Diretora, o de 1º presidente, com Altineu Côrtes (RJ).

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