BRASÍLIA - O Palácio do Planalto tenta adiar a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, prevista para esta quinta-feira, 25. O argumento do governo é de que abrir uma CPMI neste momento pode atrapalhar a votação do arcabouço fiscal, que precisa passar pelo crivo da Câmara e do Senado.
“A estratégia é baixar o fogo. Estamos trabalhando para isso”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). “A CPMI depende do marco fiscal. Não queremos contaminar essa votação”, completou.
Aliados do governo na Câmara também querem adiar, por no mínimo uma semana, a instalação da CPMI, pedida pela oposição para investigar quem financiou os ataques do 8 de janeiro, quando foram depredadas as sedes do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
No Senado, a proposta do arcabouço terá Omar Aziz (PSD-AM) como relator. Aziz presidiu a CPI da covid durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) e é considerado mais próximo do Planalto de Lula. Indicado para ocupar uma cadeira na CPMI dos Atos Golpistas, ele pediu para que retirassem o seu nome da lista de quem comporá o colegiado.
“As pessoas colocam o escudo de Jesus na frente para pregar o ódio e vão fazer isso na CPMI. Não quero participar disso”, afirmou Aziz. Nos bastidores, aliados de Lula têm dito que vão chamar Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle para depor. Até agora, o governo tem maioria na comissão.
Ainda não há acordo sobre quem vai presidir a CPMI. Jaques Wagner, por exemplo, defende um nome do Senado, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), quer emplacar no cargo seu aliado Arthur Maia (União Brasil-BA), o mais cotado até agora.
Caso a presidência da CPMI fique mesmo com Maia, o relator será do Senado. Renan Calheiros (MDB-AL) gostaria de assumir a tarefa, mas a equação não fecha, porque ele e Lira são rivais. Outro cotado, o senador Eduardo Braga (MDB-AM), tem dito que não aceita ser relator.
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