Dois dias após o PMDB oficializar a saída do governo Dilma Rousseff, o vice- presidente Michel Temer foi um dos principais alvos da manifestação pró-governo realizada nesta quinta-feira, 31, na Praça da Sé, em São Paulo.
Segundo os organizadores, cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes ao ato, que foi mobilizado pela Frente Brasil Popular, grupo que reúne entidades dos movimentos sociais e partidos de esquerda. Por outro lado, a Polícia Militar contabilizou 18 mil manifestantes.
Escalado para falar em nome do PT, o presidente do diretório estadual do partido em São Paulo, Emídio de Souza, chamou o vice-presidente Michel Temer de golpista. "Temer poderia passar para a história do Brasil como constitucionalista, mas junto com o (Eduardo) Cunha vai passar para a história como golpista", disse o dirigente petista.
Depois de chamar Cunha de "ladrão do erário público", Emídio usou as acusações contra o presidente da Câmara para desqualificar o processo de impeachment contra Dilma. "Eles falam muito em ética, mas se gostassem de ética não botavam um ladrão como Eduardo Cunha para cuidar do processo de impeachment", afirmou.
Emídio também ironizou o desembarque do PMDB do governo. "O Brasil está vivendo o terceiro dia sem o PMDB no governo desde a Nova República", disse ele. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, adotou um tom mais brando mas também não poupou Temer.
"Eu lamento que o vice eleito na nossa chapa, com o nosso programa, participe agora de um impeachment sem base legal. Isso tem nome. É golpe", disse Falcão.
Segundo ele, os ministros peemedebistas que se recusam a seguir a decisão da direção partidária de desembarcar do governo "não coadunam com aquele ato que alguns chamaram de farsa".
Alguns oradores radicalizaram no discurso contra o PMDB. Luiz Gonçalves, o Luizinho, da Nova Central, disse que "o único golpe que Cunha merece é no fígado. Golpe de caratê, porrada naquele vagabundo".
Outros dirigentes disseram que não reconhecerão um eventual governo do PMDB. “Se nós já fomos às ruas protestar contra o ajuste fiscal da Dilma , imagina em um eventual governo dele. Mas estamos confiantes que o impeachment não vai acontecer", diz Raimundo Bonfim, líder da Central de Movimentos Populares.
Douglas Izzo, presidente da CUT-SP, foi na mesma linha: "Um eventual governo do Temer e do PMDB não será reconhecido pela CUT e pelos movimentos sociais porque não é legítimado pelo voto."
“Não daremos nenhum dia de sossego para Michel Temer”, disse Gilmar Mauro, um dos líderes do Movimento Sem Terra (MST), ao falar sobre uma eventual aprovação do impedimento pela Câmara. Ele se diz, porém, otimista quanto a atuação dos deputados da base governista para reunir as assinaturas necessárias para impedir o impeachment na Câmara dos Deputados.
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