A três dias do segundo turno, as pesquisas de intenção de voto em Fortaleza, capital do Ceará, apontam empate técnico entre o deputado federal André Fernandes (PL) e o deputado estadual Evandro Leitão (PT). Repetindo a polarização entre PT e PL, que marcou a eleição presidencial de 2022, a campanha na capital cearense passou a envolver na reta final outra rivalidade que divide a cidade: a dos dois maiores clubes de futebol do Estado, o Ceará e o Fortaleza.
A campanha de André Fernandes produziu um jingle direcionado às duas torcidas. “As nossas duas torcidas agora vão se unir”, diz um dos versos da música. Nos refrãos, a canção entoa que quem é “Vozão” ou “Leão”, aludindo aos apelidos das torcidas de Ceará e Fortaleza, respectivamente, “não vota Leitão”. A campanha do petista, em resposta, inverteu os refrãos em materiais de campanha voltados para cada uma das torcidas.
A referência aos clubes de futebol também é utilizada por Fernandes como crítica à capacidade administrativa do adversário. Leitão é ex-dirigente do Ceará, tendo presidido o clube entre 2008 e 2015. Sob o comando do petista, em 2009, o clube conquistou um acesso à elite do campeonato brasileiro. Em 2011, o alvinegro foi rebaixado, retornando à Série A do Brasileirão em 2018.
‘Cortina de fumaça’, diz vice-governadora
As alusões de André Fernandes aos principais times do Estado provocaram um posicionamento da vice-governadora Jade Romero (MDB), cujo marido, Marcelo Paz, é CEO da sociedade anônima que controla o Fortaleza Esporte Clube. Segundo a vice-governadora, que apoia Evandro Leitão, o uso dos clubes na campanha foi uma “cortina de fumaça”, pois o candidato do PL tem “pouco a apresentar”
“A gente não pode utilizar os símbolos e as marcas para criar ódio e dividir as pessoas”, afirmou Jade em entrevista ao jornal O Povo. “Acredito que o André utilizou como estratégia porque tem muito pouco a apresentar, como ele tem demonstrado de projeto para a nossa cidade. É uma pessoa que demonstra total incapacidade de discutir e conhecer essa cidade. Portanto, o futebol foi utilizado como cortina de fumaça.”
Procurado pelo Estadão, André Fernandes, por meio de sua assessoria, afirmou “o futebol mostra o verdadeiro caráter antidemocrático de Evandro”. “A discussão não é sobre futebol. É sobre gestão e sobre valores como lealdade e respeito”, diz a nota do candidato do PL.
Questionada, a campanha de Evandro Leitão disse que o petista mantém o posicionamento emitido em sabatina à TV Diário e à Rádio Verdes Mares. “Eu não serei um dirigente esportivo, eu serei prefeito de Fortaleza para todas as torcidas: do Fortaleza, do Ceará, do Ferroviário”, disse o candidato do PT na manhã desta quarta.
Segundo pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira, 23, Evandro Leitão e André Fernandes estão empatados tecnicamente. O petista tem 44% de intenções de voto e o deputado federal do PL, 42%. A margem de erro é de três pontos porcentuais, o que indica um cenário indefinido para o segundo turno neste domingo, 27 de outubro.
A disputa eleitoral de Fortaleza foi uma das mais emboladas entre as capitais estaduais do País. Além de Leitão e Fernandes, o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil) e o atual prefeito da cidade, José Sarto (PDT), mantiveram-se competitivos até a semana anterior ao primeiro turno, realizado em 6 de outubro. Fernandes avançou à etapa final do pleito com 562.305 votos, o equivalente a 40,20% dos votos válidos, enquanto Leitão registrou 480.174 votos (34,33%).
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