Apoiadores do PT estimulam voto útil em Álvaro Dias contra Moro no Paraná

Ex-ministro da Justiça aparece 11 pontos atrás do senador Alvaro Dias no Estado

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Foto do author Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA - Com alta exposição no cenário político nacional nos últimos anos, o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) sofre com um forte concorrente na campanha eleitoral. Na disputa por uma vaga de senador pelo Paraná, Moro está 11 pontos distante de seu ex-aliado Alvaro Dias (Podemos), segundo o Ipec.

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O ex-ministro da Justiça não tem partidos aliados em sua candidatura, já Dias tem o apoio formal até do PSB, legenda de esquerda e que apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Formalmente, o PT está na coligação da candidatura de Rosane Ferreira (PV) ao Senado, que pontuou apenas 2% na pesquisa, mas apoiadores do partido no Paraná têm estimulado um “voto útil” no senador do Podemos para impedir que Moro, que foi o responsável pela condenação que levou Lula a ser preso, seja eleito.

Em nota, PT, PV e PCdoB, que formam uma federação, reforçaram que a candidata deles é Rosane Ferreira. “É esta candidatura que defendemos e apoiamos, e é esse o voto que orientamos, para termos mais representatividade, (para) ser de fato o voto útil do povo paranaense e por mais mulheres na política”.

Recém filiado ao Podemos, Moro concede entrevista coletiva no fim do ano passado acompanhado de Alvaro Dias (de máscara azul, em segundo plano); ex-aliados hoje se enfrentam no Paraná. Foto: Valdemir Barreto/Agência Senado

Eleitores do PT no Estado têm afirmado que vão votar em candidatos do partido para todos os outros cargos, mas que, para o Senado, se sentem “obrigados” a votarem em Dias para evitar Moro. O senador tem um forte discurso contrário à legenda, mas é considerado um “mal menor”. O movimento acontece ao mesmo tempo que o ex-juiz tem acenado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem havia rompido ao sair do ministério da Justiça em 2020.

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Dias afirmou que espera receber votos de “todos os lados”. “Aqui não há polarização. Tenho nove concorrentes e não distingo um dos outros. Como o voto é secreto, será difícil dizer de onde vieram. Pela minha história no Paraná, imagino que virão de todos os lados”, disse ao Estadão.

O parlamentar do Podemos foi um dos principais incentivadores da entrada de Moro na política. Inicialmente, o ex-juiz havia se filiado ao Podemos para poder disputar a Presidência da República. Após atritos e disputas por recursos financeiros, no entanto, ele acabou indo para o União Brasil e vai concorrer ao Senado pelo Paraná.

Em conversas reservadas, Moro minimiza o levantamento e diz que outras pesquisas o apontam na liderança. Ainda que o ex-magistrado tenha garantido exposição permanente por ter sido o juiz responsável pela Operação Lava Jato e, depois, assumido o Ministério da Justiça, Dias é um político bastante conhecido no Paraná. Ele é senador desde 1999 e, antes disso, governou o Estado, além de também ter exercido os cargos de deputado federal, estadual e vereador. Em 2014, Dias foi reeleito senador com 77% dos votos válidos.

Bilhete para Lula

Mesmo com o apoio velado do PT neste ano, o candidato à reeleição tem a carreira política marcada por críticas ao partido. Quando concorreu à Presidência, no último pleito, Dias tentou fazer com que o então candidato do PT ao Palácio do Planalto, Fernando Haddad, entregasse um bilhete para Lula, que na época estava preso. O episódio aconteceu no último debate da eleição de 2018, promovido pela TV Globo. Ao falar sobre o bilhete, o senador classificou o ex-presidente como o “verdadeiro candidato do PT”. Um dia depois do debate, Dias revelou nas redes sociais que o conteúdo do bilhete era: “Quem mandou matar Celso Daniel? Você sabe!” Celso Daniel foi um prefeito petista de Santo André (SP). A sua morte é usada de forma recorrente por adversários do PT, que alegam que integrantes da legenda teriam relação com o caso. A legenda sempre negou qualquer envolvimento.

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Mourão

O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) é outro que deseja ser senador e tem enfrentado percalços na corrida. O Ipec mostra que o vice-presidente está com 16% das intenções de voto no Rio Grande do Sul. Lá os favoritos são Ana Amélia (23%), do PSD, e o petista Olívio Dutra (25%).

“Se eles estivessem disputando uma cadeira na Câmara, estariam em uma posição muito mais confortável, porque eles têm um contingente de apoiadores muito significativo. Como eles optaram por uma disputa para o Senado, nesse caso a rejeição pesa bastante”, avaliou o cientista político Bruno Carazza, professor da Fundação Dom Cabral. Tanto Dias quanto Dutra têm experiência política e já governaram seus respectivos Estados.


O senador Alvaro Dias (Podemos) enfrenta Sergio Moro (União Brasil) na eleição para o Senado no Paraná. Foto: Nilton Fukuda/Estadão


“Tanto o Mourão quanto o Moro, apesar de serem dois personagens da política brasileira com grande exposição midiática, carregam consigo uma carga de rejeição muito grande”, observou Bruno Carazza. De acordo com o cientista político, a grande exposição não necessariamente garante uma avaliação positiva. “De um lado, o Mourão, pela inevitável associação ao governo Bolsonaro. Do outro, o Moro, por sua atuação na Lava Jato, que gera muita ojeriza dos eleitores”, avaliou o cientista político.

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Ao falar sobre as dificuldades na eleição, Mourão adota o mesmo discurso de Moro e cita levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado na última quinta-feira, 25, que o mostra empatado, dentro da margem de erro, com o candidato do PT. De acordo com a pesquisa, o vice-presidente tem 24,2% das intenções de voto e Dutra tem 25,2%. Ao Estadão, o general negou que sua campanha vá focar em criticar o petista.

“Não farei ataques pessoais, mas, sim, vou defender minhas ideias”, afirmou Mourão. Diante da forte concorrência do ex-governador do Rio Grande do Sul, no entanto, o vice-presidente já pediu nas redes sociais para os gaúchos não votarem em Dutra.

Assim como Alvaro Dias é bastante conhecido no Paraná, Olívio Dutra se tornou uma figura popular da política gaúcha. Além de já ter governado o Rio Grande do Sul, ele também foi prefeito de Porto Alegre e deputado federal. Fora do contexto estadual, também já presidiu o PT e foi ministro das Cidades.

De acordo com as mais recentes pesquisas Ipec, o ex-presidente Lula e Bolsonaro estão empatados na liderança, nos dois Estados, dentro da margem de erro de três pontos percentuais. No Rio Grande do Sul, Lula tem vantagem numérica: marcou 40%, contra 35% de Bolsonaro. Já no Paraná quem aparece numericamente na frente é o atual presidente, que tem 41% contra 35% do petista. Na eleição gaúcha para governador quem lidera é o tucano Eduardo Leite, que rejeita tanto Lula quanto Bolsonaro. Na disputa paranaense, o atual governador Ratinho Júnior (PSD), candidato de Bolsonaro, é o favorito.

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