O ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB), pré-candidato ao governo de Minas Gerais, redigiu uma carta explicitando os motivos pelos quais diverge da orientação nacional de seu partido e apoia a candidatura de Ciro Gomes (PDT) para a Presidência. O tucano afirmou que o ex-governador do Ceará é “a verdadeira terceira via”, confirmando que o diretório mineiro da legenda deve abandonar o palanque da senadora Simone Tebet (MDB), a pré-candidata apoiada nacionalmente pelo PSDB.
Pestana descreveu a senadora como uma figura “encantadora” e com “consciência de seu papel neste difícil momento da vida nacional”, mas apontou a resistência interna sofrida por ela no MDB como um fator que fragiliza a sua pré-candidatura. Próximo de Aécio Neves, ele era um dos defensores que os tucanos tivessem candidatura própria ao Planalto e destacou que o partido “renunciou ao seu protagonismo histórico” este ano. “Infelizmente, o PSDB terceirizou seu destino e futuro”, disse.
“O MDB nem abraçou a candidatura de Simone Tebet, nem revelou qualquer apreço e sentimento de reciprocidade ao PSDB”, escreveu. “Nenhum gesto coletivo e majoritário foi feito de apoio a Simone, a não ser manifestos frios e burocráticos. Não houve um evento sequer para fortalecer a candidatura. Ao contrário, o que assistimos é uma forte luta interna de contestação”.
Dentro do MDB, a principal resistência enfrentada por Tebet ocorre por parte de uma ala pró-Lula encabeçada pelo senador Renan Calheiros. O grupo se reuniu esta semana com o ex-presidente Michel Temer na tentativa de adiar a convenção do partido, na qual o nome da senadora deve ser formalizado na disputa. Calheiros argumenta que os recursos da legenda deveriam ser usados para fortalecer a presença no Congresso e defende apoio ao candidato do PT já no primeiro turno.
Na carta, Pestana afirmou que Ciro, segundo sua percepção, é o que mais tem chances de crescer nas pesquisas até o dia do primeiro turno. Ele também opinou que o pedetista tem mais “experiência” para o cargo de presidente, dado que já foi governador e ministro.
“Ciro parte de um patamar de 9%. Com a experiência que tenho de coordenação de oito campanhas majoritárias, tenho a convicção de que poderá atingir 15% até o 7 de setembro, e aí haverá um deslocamento grande em seu favor de indecisos e de polarizados não convictos, que votam em Bolsonaro para derrotar Lula e votam em Lula para evitar Bolsonaro”, escreveu.
O pré-candidato ao Palácio Tiradentes lembrou ainda que Minas não será o único Estado a divergir do plano nacional e desembarcar da pré-candidatura de Tebet. “O PSDB de SP fará palanque duplo para Simone e Bivar. O Mato Grosso do Sul apoiará Bolsonaro. No Rio, estamos no palanque de Freixo e Lula. Em Minas, apoiaremos Ciro Gomes. O Rio Grande do Sul apoiará Bivar e aguarda a decisão do MDB regional”.
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