O vereador e pré-candidato a deputado federal Fernando Holiday e os pré-candidatos a deputado estadual Leonardo Siqueira e Lucas Pavanato, do partido Novo, foram alvo de protesto na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, nesta quarta-feira, 29. Eles fariam uma palestra sobre cotas raciais e financiamento nas universidades públicas, mas um grupo de manifestantes ocupou o espaço. O evento era organizado pela União Juventude e Liberdade (UJL), que se define como “movimento estudantil liberal”.
Em coro, estudantes gritavam “recua, fascista, recua, a Unicamp nunca vai ser sua”. O Diretório Central dos Estudantes da universidade afirmou, em nota, que o discurso de Holiday é “reacionário” e que o vereador defende uma “universidade para poucos”.
“No ano em que a lei de cotas será revisada e de vários ataques é preciso que façamos da universidade um território de organização para a derrota da extrema-direita”, afirma a nota. Fernando Holiday (Novo), que é negro, é contrário às políticas afirmativas raciais no ensino superior porque, segundo ele, “menosprezam os afrodescendentes”.
Ao comentar o episódio nesta quinta-feira, 30, no Twitter, o vereador disse que manifestantes estariam “dando tapas e tentando roubar seu celular”. Nas imagens, é possível ver um pequeno grupo com bandeiras vermelhas e uma tentativa de encobrir o vídeo que era gravado pelo parlamentar. A UJL afirmou que houve tentativa de agressão física e que foi necessário “fazer uma barreira” para defender os convidados do evento.
O pré-candidato do Novo à Presidência, Luiz Felipe d’Avila, também se manifestou na rede social e associou os manifestantes ao ditador italiano Benito Mussolini. Muitas das respostas questionaram os termos usados pelos integrantes do Novo para se referir a manifestações de esquerda.
Em nota, o Novo afirma que “condena” a atitude dos manifestantes. “O ambiente acadêmico deveria ser aberto à pluralidade de ideias, onde a cordialidade e o respeito ao contraditório deveriam prevalecer”, diz o partido. A sigla afirma ainda que espera que a Unicamp “tome as devidas providências para evitar que episódios semelhantes se repitam no futuro.”
Procurada pela reportagem, a Unicamp afirmou, em nota, que é “historicamente um espaço dedicado ao debate de ideias, onde divergências sempre estiveram subordinadas ao respeito às diferenças, inclusive no campo ideológico”. “Nesse contexto, a Universidade condena quaisquer atos que, em detrimento do debate democrático, resultem em manifestações de violência.”
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