RIO – A disputa pela Prefeitura do Rio de Janeiro no ano que vem já tem ao menos seis pré-candidatos. De um lado, o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) contará com a máquina pública, a alta taxa de conhecimento do carioca, acordos já estabelecidos – inclusive do PT, com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – e três mandatos à frente da capital fluminense. Do outro, o governador Cláudio Castro (PL) trava disputa interna no partido do ex-presidente Jair Bolsonaro em favor de uma candidatura moderada em concertação com partidos de centro-direita.
Sem nomes competitivos, alianças partidárias ainda em construção e um candidato à reeleição em busca do quarto mandato na cadeira do Palácio da Cidade, a corrida pelo comando do Executivo municipal em 2024 ainda terá novos desdobramentos nos próximos meses.
Diante da saída do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) da disputa municipal, a direita busca um nome para enfrentar Paes. Bolsonaro aposta na candidatura de seu vice na chapa derrotada nas eleições do ano passado, o general Walter Braga Netto. Publicamente, trata como uma disputa aberta. O ex-ministro da Saúde e deputado federal, Eduardo Pazuello (PL), também pleiteia o apoio do clã Bolsonaro e a indicação para a eleição do ano que vem.
Castro, por sua vez, defende o nome do deputado federal licenciado Dr. Luizinho (PP-RJ), titular da Secretaria estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
O diretório do PSOL no Rio definiu neste mês que o partido vai apresentar candidatura própria nas eleições para a prefeitura em 2024. O deputado federal Tarcísio Motta e a deputada estadual Renata Souza se colocaram à disposição do partido para enfrentar Paes.
Eduardo Paes (PSD)
A decisão de Bolsonaro de barrar os planos do filho “01″ tira de cena um dos principais adversários do atual prefeito na busca pelo quarto mandato à frente da capital fluminense. Enquanto tenta se consolidar como o único nome com aval do Palácio do Planalto, Paes aguarda agora a definição do adversário que representará o bolsonarismo na corrida pela prefeitura.
O atual prefeito conta com o apoio do presidente Lula e de uma base consolidada de partidos no Rio. “Eu avisei que o homem gostava e faria de tudo para ajudar o Rio! Tá aí! Valeu, Lula”, escreveu o prefeito, após a capital fluminense ser anunciada como a sede da cúpula do G-20 em 2024. Paes conta com o apoio de Lula, e o embarque do PT no governo municipal foi aprovado pelos Diretórios Municipal e Estadual da legenda.
Uma corrente do PT no Rio defende uma candidatura própria, mas a decisão caberá ao presidente.
Walter Braga Netto (PL)
O general da reserva Walter Braga Netto é a aposta do ex-presidente para agradar seu eleitorado tradicional na cidade e evitar um racha do grupo político. Inocentado por unanimidade pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no caso da reunião com embaixadores, o ex-ministro da Casa Civil está livre, até o momento, para concorrer às eleições municipais do ano que vem.
Braga Netto lidera a corrida interna no PL pela indicação, mas tem resistência de correntes do partido mais próximas ao governador Cláudio Castro. Em junho, ele falou pela primeira vez com o tom de pré-candidato.
O general foi um dos poucos oficias militares da reserva que passaram pelo governo Bolsonaro sem perder a confiança do então presidente e seus filhos. Em novembro passado, após a derrota para Lula na disputa presidencial, Braga Netto demonstrou simpatia pelo movimento que preparava um golpe. “Vocês não percam a fé, tá bom? É só o que eu posso falar para vocês agora”, disse o militar a simpatizantes que defendiam, na portaria do Palácio da Alvorada, uma intervenção militar. Quase dois meses depois, apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.
Eduardo Pazuello (PL)
Apesar de ter sido o segundo deputado federal mais votado do Rio, com 205.324 votos, o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello está associado à política antivacina do governo Bolsonaro. Disputa com Braga Netto o apoio de Bolsonaro e seus filhos. O ex-presidente deve dar a última palavra na escolha do nome para a disputa municipal em seu reduto eleitoral.
Dr. Luizinho (PP)
Licenciado da Câmara para ocupar a Secretaria de Saúde do Rio, o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ) é o nome do governador Cláudio Castro para a disputa municipal. Desde que foi reeleito em primeiro turno, Castro busca se afastar do bolsonarismo e demonstrar aos aliados que o atual secretário estadual de Saúde, presidente do PP no Rio, seria o melhor nome no embate com o atual prefeito Eduardo Paes.
O nome do parlamentar do Progressistas foi cogitado por deputados do Centrão para ocupar o cargo de ministro da Saúde em uma eventual saída da ministra Nísia Trindade.
Tarcísio Motta (PSOL) e Renata Souza (PSOL)
O PSOL ainda vai definir o nome que disputará a prefeitura. Tarcísio Motta é deputado federal em seu primeiro mandato. Foi candidato ao governo do Estado em 2014 e 2018, e vereador da capital por dois mandatos, entre 2017 e 2022. Já Renata Souza é deputada estadual pelo segundo mandato consecutivo. Fez parte das equipes que trabalharam nos gabinetes do atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo (PT), enquanto ele esteve na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), e da ex-vereadora Marielle Franco, assassinada a tiros durante o exercício do mandato. Em 2020, Renata concorreu à eleição municipal contra Paes. Os dois devem se submeter às prévias, caso não haja uma definição até o início do próximo ano.
Otoni de Paula (MDB)
O deputado federal Otoni de Paula (MDB) foi oficializado como pré-candidato à Prefeitura do Rio após um encontro entre a cúpula do partido com a presença do presidente nacional, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), e do presidente estadual, Washington Reis.
Apesar das pretensões do deputado, os caciques estaduais da sigla trabalham para que o partido apoie o candidato escolhido pelo governador Cláudio Castro.
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