Prefeito atraído por Bolsonaro diz que saiu do PSDB porque precisa de partido com “força e projeção”

Luiz Fernando Machado, de Jundiaí, assinou sua filiação ao PL em evento com Bolsonaro, Tarcísio e mais de 50 prefeitos; para ele, o PSDB não acompanhou as mudanças da sociedade

PUBLICIDADE

Foto do author Rubens Anater

O prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado, que deixou o PSDB e oficializou sua migração para o PL neste sábado, 17, afirma que mudou de partido com o objetivo de “contribuir com um projeto de País” em “oposição ao PT”, algo que, para ele, não era mais viável no PSDB. “Para atender os interesses de Jundiaí, eu necessito de um partido que tenha força e projeção nacional sob a ótica de Congresso Nacional e sob a ótica de estrutura partidária”, afirmou, em entrevista ao Estadão.

O ato de filiação de Machado ocorreu no sábado, 17, em sua própria casa. Segundo ele, o evento contou com a presença de mais de 50 prefeitos da região, além de lideranças como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente do PL Valdemar Costa Neto, o senador Marcos Pontes (PL-SP) e o deputado estadual André do Prado (PL-SP), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

Filiação do prefeito de Jundiaí Luiz Fernando Machado ao PL, com presença do deputado estadual André do Prado (PL-SP), governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e presidente do PL Valdemar Costa Neto Foto: Reprodução/Instagram André do Prado

PUBLICIDADE

Em suas redes sociais, o presidente do partido celebrou o momento, que culminou na filiação de sete prefeitos e quatro ex-prefeitos para o partido. Nove deles faziam parte do PSDB, reforçando o enfraquecimento da sigla tucana no estado. Como a Coluna do Estadão apurou, o partido calcula perder metade dos prefeitos em São Paulo antes das eleições municipais de 2024.

Para Machado, a grande presença de prefeitos na reunião do partido — mesmo que muitos não se filiem ao PL — é uma prova de unidade na construção de um projeto político com identidade à direita, unindo também Republicanos, PSD, PP e MDB. “Foi o início realmente de um projeto, que vai, a partir do convite que me foi feito, levar essa discussão também às outras regiões do Estado”, afirmou.

Publicidade

O prefeito ainda avaliou o esvaziamento de sua antiga sigla. Para Machado, há “um deslocamento do partido (PSDB) com os anseios da própria sociedade”. Ele avalia que o PSDB foi, por muito tempo, capaz de “administrar” o eleitor mais conservador que, segundo ele, é predominante no estado de São Paulo. Mas “a sociedade brasileira mudou e o PSDB, até este instante na minha avaliação, não acompanhou essas transformações”, afirmou.

Divergências

Durante o pandemia, o prefeito de Jundiaí atuou abertamente a favor de medidas sanitárias no combate à pandemia, com forte apoio à vacinação, no que divergiu da postura tomada à época pelo agora companheiro de partido, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

No próprio evento de sábado, Bolsonaro disseminou mais fake news acerca da vacinação, alegando que ela teria grafeno em sua composição e que o produto atacaria ovários e testículos. Já no domingo ele voltou atrás nessa colocação e pediu desculpas.

Machado, no entanto, não considera que essa divergência seja um problema em seu novo partido. Ele alega que uma aglomeração política deve ter “pluralismo de ideias”. “Nesse aspecto posso ter a divergência, mas em outros aspectos também entendo que há a convergência”, afirmou.

Publicidade

Questionado sobre o julgamento que Bolsonaro deverá enfrentar na quinta-feira, 22, devido a seus ataques infundados às urnas, o prefeito disse que “naturalmente” deseja que a “inelegibilidade não venha”. No entanto, ponderou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve ser respeitada.

Mágoa

Segundo apuração da Coluna do Estadão, a saída de Machado não foi uma surpresa para a cúpula do PSDB. Interlocutores da sigla afirmaram que ele “já foi tarde”. O prefeito, segundo lideranças tucanas, guarda mágoa pelo seu empenho na candidatura presidencial do ex-governador João Doria. Hoje o diretório nacional é presidido pelo governo do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. À reportagem, Machado afirmou que a desistência de Doria e sua saída da política foram uma “perda” para o País.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.