BRASÍLIA - Não era surpresa. As ameaças de invasão ao Congresso Nacional estão sendo organizadas ao menos desde os dias seguintes à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em grupos reservados de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o plano era aproveitar o recesso do Legislativo para ocupar a sede do Poder.
“Pessoal o larápio fake precisa ser retirado de lá e pra isso precisamos aproveitar que o Congresso está fechado e ocupar para que as Forças Armadas se mostrem a favor do povo”, publicou um bolsonarista no dia 3 de janeiro. “Vão tomar o Congresso e acampar nas portas das refinarias. Ou agimos agora ou viramos uma Venezuela em pouco tempo”, frisou outro.
Neste domingo, o futuro presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou que pedirá reforço da segurança das refinarias.
As forças de segurança do Distrito Federal disponibilizaram um efetivo aquém do volume de radicais que chegaram a Brasília. A marcha de milhares de pessoas do Quartel General do Exército até a Praça dos Três Poderes começou por volta das 13h30. Policiais militares escoltaram o grupo pela Esplanada dos Ministérios.
“Venha imediatamente para Brasília. Levaremos o acampamento para frente do Congresso. Estamos correndo contra o tempo. A foice está passando nas redes sociais. Não temos tempo”, escreveu um extremista em grupo com mais de 12 mil membros.
As redes bolsonaristas deixam claro que o objetivo era cercar e tomar prédios. Os grupos em aplicativos como WhatsApp e Telegram têm informações diárias sobre a organização e estímulos aos atos.
Na madrugada deste domingo, outro usuário anônimo deu as coordenadas do que aconteceria horas depois. “O povo tem que tomar o prédio dos 3 Poderes em Brasília para as Forças Armadas decretarem intervenção militar”, frisou.
Apesar dos indícios de que os atos teriam violência, as forças de segurança do DF não se colocaram à altura da crise desenhada. O secretário de Segurança, Anderson Torres, foi demitido pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Em pronunciamento, o emedebista pediu desculpas.
O presidente Lula criticou a atuação do governo distrital e disse que Torres “tem fama de ser conivente com manifestações”. O agora ex-secretário foi ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e teve gestão marcada por alinhamento político e ideológico com o ex-presidente.
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