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Presença do Comando Vermelho no Ministério da Justiça vira assunto mais comentado do País no Twitter

‘Estadão’ revelou que esposa de chefe do tráfico amazonense esteve reunida com membros da pasta pelo menos duas vezes este ano

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Foto do author Isabella Alonso Panho

A ida de um membro da organização criminosa Comando Vermelho (CV) ao Ministério da Justiça, para reuniões com assessores da pasta comandada por Flávio Dino, se tornou o assunto mais comentado no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira, 13. O caso foi revelado pelo Estadão.

Até as 13h os termos “Comando Vermelho”, “Ministério da Justiça” e “Flávio Dino” apareciam em quase 160 mil publicações. O primeiro lugar é uma hashtag (símbolo #, usado para reunir postagens que tratam de um mesmo assunto) “ForaDino”, com 20,5 mil menções. Ela aparece em primeiro lugar por causa da velocidade no aumento das menções.

Caso revelado pelo 'Estadão' se tornou o assunto mais comentado nas redes sociais nesta segunda-feira, 13 Foto: Reprodução/X

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Luciane Barbosa Farias, conhecida como “dama do tráfico” amazonense, esteve duas vezes no Ministério. Em uma, foi como presidente da associação Instituto Liberdade do Amazonas (ILA), uma organização não governamental que luta pelos direitos de pessoas presas. Segundo investigações sigilosas às quais o Estadão teve acesso, as atividades da organização seriam financiadas com dinheiro de tráfico.

Nessa ocasião, ela se reuniu com Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen). Em março, Luciane esteve com Elias Vaz, secretário Nacional de Assuntos Legislativos do Ministério. O nome dela não consta nas agendas oficiais.

Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de políticas penais do Ministério da Justiça, Rafael Velasco Brandani Foto: Reprodução: Instagram/ @associacaoliberdadedoam

Há 11 anos, Luciane é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como “Tio Patinhas”. Ele era o procurado número um da polícia do Amazonas por ser um líder do Comando Vermelho no Estado e foi preso em dezembro do ano passado. O Ministério Público diz que Luciane é o “braço direito” do marido. Ela recorre na Justiça de uma condenação de dez anos.

Diante da repercussão do caso, parlamentares têm se movimentado e já há pedidos de impeachment protocolados contra Flávio Dino. Deputados também pedem que o ministro seja convocado a prestar esclarecimentos no Congresso.

Questionado pelo Estadão, o Ministério da Justiça confirmou que Luciane realmente esteve no prédio da pasta, mas disse que é “impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante”. O órgão afirma que quem solicitou as agendas foi a entidade. Leia no final a íntegra da nota.

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Em suas redes sociais, Dino se esquivou do assunto e deixou a culpa com o secretário que se encontrou com Luciane.

“Nunca recebi, em audiência no Ministério da Justiça, líder de facção criminosa, ou esposa, ou parente, ou vizinho”, escreveu Flávio Dino no X (antigo Twitter). “De modo absurdo, simplesmente inventam a minha presença em uma audiência que não se realizou em meu gabinete. Sobre a audiência, em outro local, sem o meu conhecimento ou presença, vejam a história verdadeira no Twitter do Elias Vaz. Lendo lá, verificarão que não é o que estão dizendo por conta de vil politicagem”, acrescentou.

Vaz, por sua vez, explicou ter recebido a solicitação de audiência da ex-deputada estadual Janira Rocha, que é vice-presidente da Comissão de Assuntos Penitenciários da Associação Nacional da Advocacia do Rio de Janeiro (Anacrim-RJ). A ex-parlamentar foi acompanhada de três mulheres — uma delas, Luciane Barbosa, a dama do tráfico.

Leia íntegra da nota do Ministério da Justiça

Questionado, o Ministério da Justiça enviou a seguinte nota ao Estadão:

No dia 16 de março, a Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas.

A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.

Por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

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A agenda na Senappen e da ANACRIM aconteceu no dia 2 de maio, quando foram apresentadas reivindicações da ANACRIM. Não houve qualquer outro andamento do tema.

Sobre atuação do Setor de Inteligência, era impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidades de advogados, e não a cidadã mencionada no pedido de nota.

Todas as pessoas que entram no MJSP passam por cadastro na recepção e detector de metais.

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