‘Presidente da Argentina prometeu churrasco e hoje não tem carne’, diz Bolsonaro

Chefe do Executivo critica país vizinho com referência indireta a Lula

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:

JUIZ DE FORA E RIO - O presidente Jair Bolsonaro (PL) faz nesta terça-feira, 18, uma investida em Juiz de Fora (MG) para tentar reverter a derrota que sofreu na Zona da Mata mineira no primeiro turno. A uma centena de apoiadores reunidos no aeroclube da cidade, ele resgatou o episódio da facada que sofreu em 6 de setembro de 2018, criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e voltou a atacar governos de esquerda da América do Sul. Desta vez o alvo foi novamente a Argentina.

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Em referência indireta a Lula, disse que o presidente argentino, Alberto Fernández, prometeu churrasco à população durante a campanha, mas hoje o país vizinho “não teria carne”. “Tem um videozinho correndo por aí sobre a Argentina. Estive na Argentina dois anos atrás para visitar o antigo presidente. O presidente atual visitou o outro candidato (Lula) na cadeia. Na campanha dele prometeu churrasco para todo mundo e hoje não tem carne na Argentina”, disse. Lula tem dito que, se eleito, a população vai “voltar a comer picanha e tomar sua cervejinha”, em alusão à possível redução do preço dos alimentos.

Bolsonaro estava acompanhado do governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL) e do seu candidato a vice, Walter Braga Netto (PL). O presidente dedicou boa parte do breve discurso a críticas ao adversário, recorrendo à agenda de costumes e outros pontos da pauta conservadora.

“Há uma diferença enorme entre essas duas pessoas (ele e Lula). Nós respeitamos todas as religiões e quem não tem religião também. Tem a questão do aborto, ideologia de gênero, de usar o dinheiro para o Brasil e não para fora. Estar do lado da população que quer legítima defesa ou não, defender propriedade privada ou não. Há uma diferença enorme entre nós”, disse repetindo argumentos já conhecidos de seu discurso.

Bolsonaro também fez uma breve menção ao episódio da facada que sofreu, durante a campanha de 2018. “Hoje é um dia muito especial, porque aqui eu renasci em 2018. Gravei um vídeo agradecendo o mérito da Santa Casa, que salvou a minha vida. E esse dia, dia 18, também é aniversário da minha filha, espero vê-la hoje à noite. Sempre pedi que ela não ficasse órfã do pai e fui atendido”, afirmou.

O chefe do Executivo pediu que os apoiadores conversem com as pessoas porque sua chapa recebeu poucos votos na região, mas disse que tem recebido informações de seu partido, o PL, de que as intenções de voto na cidade já estariam empatadas. No primeiro turno, em Juiz de Fora, Lula teve 52% dos votos, contra 38% de Bolsonaro.

“Nesse momento quero pedir a vocês para pedir votos, levar a vovó para votar. A votação vai ser bastante rápida, é só um voto. Perdemos aqui no primeiro turno, mas já estamos empatados”, disse.

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Ele também pediu que apoiadores virem votos, conversem com indecisos e, efetivamente, votem. “Vamos virar votos e buscar indecisos para que possam comparecer às urnas”, disse.

A jornalistas, na saída, Bolsonaro voltou a dizer que a economia vai bem, com a inflação em queda, o emprego se recuperando e a uma gasolina com “um dos preços mais baixos do mundo”. O preço da gasolina caiu 35% nas bombas nos últimos três meses, mas antes do ciclo de baixa havia subido mais de 70% em três anos e meio de governo. Na semana passada, em função de reajustes de refinarias privadas e importadores, o combustível voltou a encarecer 1,4% nas bombas segundo a ANP. Foi a primeira alta após 15 semanas de queda consecutivas.

‘Roubalheira do PT’

A economia também foi tema do discurso que o presidente fez mais cedo durante comício em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro. “Passamos por dois anos de pandemia, guerra e uma seca. A economia do Brasil vai muito bem”, afirmou. Dados do Banco Central divulgados na segunda-feira, 17, apontaram que o Índice de Atividade Econômica (IBC-BR), considerado a “prévia” do Produto Interno Bruto (PIB), registrou retração de 1,13% em agosto, na comparação com julho. Trata-se do maior recuo do indicador desde março do ano passado.

Bolsonaro voltou a criticar o Bolsa Família, bandeira do governo do ex-presidente Lula, e a dizer que o governo brasileiro não pagava mais aos beneficiários por “roubalheira”. “Até pouco tempo o Bolsa Família era algo irrisório. Nós pagamos melhor porque não roubamos. Cada vez mais, o povo está tendo emprego. Os números da violência estão indo lá pra baixo e o Brasil cada vez mais se coloca num lugar de destaque no mundo”, afirmou.

Além do Bolsa família, o candidato do PL usou parte do discurso para ampliar as críticas a Lula. “Não à ideologia de gênero. Nós respeitamos a família, diferentemente daquele ladrão de nove dedos. No dia 30, não será apenas a escolha de um presidente, será a escolha do que queremos para o Brasil. Liberdade, ou não. Roubalheira do PT, ou não”, disse.

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