BRASÍLIA — O presidente da Comissão de Segurança Pública e da bancada da bala na Câmara dos Deputados, Alberto Fraga (PL-DF), anunciou uma parceria com a Taurus, principal fabricante bélico no Brasil, para oferecer condições especiais na compra de armas de fogo para policiais e bombeiros militares e policiais civis do Distrito Federal.
Em comunicado, a Taurus informou aos policiais que firmou convênio exclusivo com a Polícia Militar do Distrito Federal para oferecer armamento em até 21 parcelas sem juros e frete grátis.
Fraga descreveu a oferta como uma “oportunidade ímpar” aos policiais. “É uma oportunidade para você, que está indo para a reserva, poder comprar uma armas para a sua segurança e a segurança da sua família”, disse.
Os policiais e bombeiros do DF poderão comprar o fuzil de modelo T4 em condições especiais, com valor abaixo do mercado. O equipamento que não é recomendado para defesa pessoal, mas para “ataque”.
Uma portaria editada em maio deste ano pelo comandante logístico do Exército, general Flavio Marcus Lancia Barbosa, permitiu que integrantes (da ativa e na inatividade) da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militares adquiram até quatro armas de fogo, sendo que duas podem ser de uso restrito. Além disso, militares aposentados só poderão comprar duas armas de fogo de uso permitido e nenhuma de uso restrito.
Até 2018, antes do governo de Jair Bolsonaro (PL), os policiais militares podiam ter até oito armas em casa, mas em uma divisão específica: seis armas de uso permitido, sendo até duas de cada tipo (duas de porte, dois rifles e duas carabinas, por exemplo), duas armas de uso restrito, sendo elas de calibres específicos (357, 40 SW, .45ACP, 9mm) e os fuzis não estavam contemplados.
A partir de 2019, já com Bolsonaro, as seis armas de uso permitido passaram a poder ser de qualquer tipo. As duas restritas podiam ser de qualquer modelo, à exceção dos automáticos — que disparam tiros em sequência com um acionamento de gatilho. Portanto, os policiais podiam comprar até dois fuzis semiautomáticos.
Segundo o próprio Fraga, o diálogo se deu diretamente com o presidente da Taurus, Salesio Nuhs. Representantes do setor bélico brasileiro estiveram em Brasília nesta semana e acompanharam de perto a votação de um projeto de decreto legislativo que visava sustar parcialmente o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dificultou o acesso a armas.
Como mostrou o Estadão, a Taurus tem loja para fazer lobby em Brasília. “Ela tem uma missão: receber os políticos e mostrar para os políticos que o nosso negócio é um negócio legal, grande. Lembro que quando o Arthur Lira (presidente da Câmara) entrou, ele colocou o pé e falou: ‘isso aqui é uma loja de arma?’”, contou o presidente da Taurus, Salesio Nuhs, aos investidores, em dezembro de 2022.
Um acordo do relator da proposta, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), com o governo retirou a proposta de pauta. Como contrapartida, Lula editará um novo decreto a ser divulgado entre esta sexta-feira, 30, e segunda-feira, 2, com ajustes. A expectativa é que o texto, alvo de críticas do setor bélico, seja suavizado.
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