BRASÍLIA - A empolgação com o governo do presidente Jair Bolsonaro caiu em relação ao início do mandato, mas a gestão continua sendo aprovada pelos eleitores que voltaram nele, avalia o presidente do Ibope Inteligência, Carlos Augusto Montenegro. A avaliação do governo nos próximos meses, por sua vez, dependerá da criação ou não de novos empregos no País, cenário relacionado com a aprovação da reforma da Previdência, afirmou Montenegro em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Pesquisa do instituto divulgada nesta quarta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a avaliação positiva (ótimo e bom) do governo caiu de 49% em janeiro para 35% em abril. A aprovação da maneira de governar, por sua vez, desceu de 67% no primeiro mês do ano para 51% agora. Desconsiderando aqueles que não souberam ou não responderam ao questionamento, a aprovação é de 55%, o mesmo porcentual de votos válidos que o elegeu no segundo turno das eleições presidenciais, observou Montenegro.
"O que aconteceu foi que, no começo, ele ganhou uma gordura. Ele até foi preservado pelo tempo que ficou no hospital, mas com as confusões do governo, dos filhos, "golden shower" (vídeo no Twitter) e outras coisas, ele perdeu a gordura", disse o presidente do Ibope. Ele ponderou que, a despeito da pesquisa não perguntar em quem as pessoas votaram, é possível avaliar que Bolsonaro mantém a aprovação entre eleitores que votaram nele. "Não tem ninguém, teoricamente, e é difícil afirmar, arrependido de ter votado nele."
A avaliação positiva de Bolsonaro é a pior entre presidentes eleitos no começo do primeiro mandato após o período da redemocratização (Collor, FHC, Lula e Dilma). "Todos esses começaram muito bem e saíram muito mal. Talvez seja melhor começar com uma baixa expectativa e ir melhorando. Bolsonaro pode até sair mal, mas talvez houve uma empolgação em excesso nos outros", comentou Montenegro.
Daqui para frente, a avaliação do governo dependerá da evolução da economia, na análise do Ibope. O governo pode melhorar na percepção das pessoas se o País criar empregos na esteira da aprovação da reforma da Previdência, avaliou o presidente do instituto. "As pessoas estão preocupadas é com emprego, comida e pagar as contas. E isso só vai melhorar se a reforma for feita porque, sendo aprovada, o grau de otimismo e o número de investimentos aumentam e o emprego aparece."
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