Um dia depois do agora ex-governador João Doria (PSDB) dizer que houve um planejamento prévio para que o presidente do partido, Bruno Araújo, tivesse de se manifestar publicamente em apoio a seu nome para a disputa ao Planalto, o dirigente partidário minimizou, nesta sexta-feira, 1º, a carta divulgada por ele ontem.
“Em política tem algo que vale mais do que papel e carta, que são os fatos e acontecimentos”, disse Araújo aos jornalistas na saída do evento de filiação do deputado Rodrigo Maia (RJ) ao PSDB em São Paulo. Ainda segundo o presidente do PSDB, a candidatura do partido está contida em um “projeto maior” e Eduardo Leite, ex-governador do Rio Grande do Sul, teve um comportamento “extremamente decente”.
Doria venceu Leite nas prévias presidenciais no ano passado, mas o gaúcho continua se movimentando para ser o presidenciável tucano. Na quinta-feira, após simular que permaneceria como governador, Doria falou em “estratégia política”. Hoje, minimizou. “Não é estratégia, é objetivo. O objetivo doPSDB é servir o Brasil (...) O PSDB é uma família, e em uma família você não tem unidade todos os dias. Nem por isso deixa de compor um lar”, afirmou.
Os integrantes do PSDB que são contra a pré-candidatura presidencial de Doria, porém, mantêm os planos de forçar o paulista a desistir de disputar o cargo e apresentar Leite como candidato ao Palácio do Planalto. Araújo, que é coordenador da futura campanha de Doria, já disse a aliados que não tem como agir para impedir os movimentos do gaúcho.
Leite já começou as negociações envolvendo a terceira via. Neste sábado, 2, ele vai se reunir com o ex-ministro Sérgio Moro, que decidiu sair do Podemos para ir ao União Brasil e suspender a candidatura presidencial. “Encontro com ele amanhã de manhã em São Paulo. Já tínhamos combinado essa conversa antes deste anúncio dele de ontem. Vamos conversar sobre as perspectivas futuras”, disse o gaúcho ao Estadão.
Federação
No evento desta sexta, que não contou com a presença do governador Rodrigo Garcia (PSDB), Doria defendeu o nome do presidente do PSDB para assumir o comando da federação que vai surgir da união com o Cidadania. “Bruno tem o meu apoio e o apoio de todos para ser o presidente da federação. Não há nenhuma contestação. Não há nenhum clima de hostilidade. Há um clima de entendimento. Isso é parte do processo democrático”, disse.
Araújo afirmou que a executiva da federação terá 19 membros – 14 do PSDB e 5 do Cidadania. O PSDB vai presidir a federação. Vão participar os líderes da Câmara e Senado, das maiores bancadas, Minas Gerais e São Paulo, quatro mulheres de regiões diferentes e um representante de cada região importante para o partido.
Na semana que vem Araújo, Baleia Rossi (MDB) e Luciano Bivar (UB) vão se reunir em Brasília para discutir os passos seguintes e definir critérios para afunilar a terceira via.
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